Publicado em: 24/07/2023
Produção industrial diversificada, relacionamento estratégico
com novos mercados, qualidade dos produtos, investimento em tecnologia e
inovação em infraestrutura logística são alguns dos fatores que fazem o Paraná
crescer nas atividades de comércio exterior. Em 2022, a força da indústria
alcançou novos patamares e a produção paranaense tornou o estado o sexto
principal exportador do país e o quarto importador, de acordo com dados da
Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Indústria, Comércio
Exterior e Serviços (MDIC), que demonstram a sua valorização nas negociações
internacionais.
A tendência de crescimento continua forte neste ano. Já no
primeiro trimestre, o Paraná subiu para o quinto estado que mais exportou,
ultrapassando o Rio Grande do Sul. No primeiro semestre de 2023, as exportações
somaram US$ 12,2 bilhões, um crescimento de 14,2% na comparação com o mesmo
intervalo do ano passado. Esse é o melhor resultado para o período na história
do estado.
Em Cruzeiro do Oeste, no Noroeste, tem origem parte da carne
bovina que chega até a China, com nível máximo de qualidade; Peças automotivas
produzidas em Curitiba e Região Metropolitana, reconhecidas mundialmente pela
excelência, chegam a Argentina; Dos Campos Gerais, madeiras e derivados, de alto padrão
atestado, seguem rumo aos Estados Unidos. Esses são apenas alguns exemplos da
importância da indústria paranaense para o mundo, que chegou a 212 países
apenas no ano passado.
Os números confirmam a relevância do que é fabricado no
Paraná. O analista de Assessoria Econômica e de Crédito da Fiep, Evânio
Felippe, explica que o aumento no valor das exportações e o volume da produção
têm contribuído de forma positiva para a geração dos bons resultados.
“Ao analisar as atividades de importação e de exportação
neste ano, temos um saldo muito positivo. No saldo comercial acumulado deste
ano, são mais de US$ 3 bilhões, o que significa mais dinheiro circulando no
estado e estímulo às atividades produtivas, contribuindo para uma maior
competitividade do setor industrial e de toda a economia”.
Em relação às importações, que movimentaram US$ 9,03 bilhões
nos seis primeiros meses, o resultado foi 15% menor na comparação com o mesmo
período de 2022. Essa queda também pode ser explicada pela necessidade anterior
de compras em grande volume para abastecimento de estoque, como de agroquímicos
e combustíveis, para se antecipar a questões geopolíticas e gargalos logísticos da cadeia
global.
Outra possibilidade é que parte da indústria tem procurado
comprar no mercado nacional, que busca se reinventar, produzir novas soluções
para reduzir a dependência
do mercado externo e
aplicar mudanças de estratégia com foco em novas oportunidades, como fez o
setor automotivo do Paraná em 2022, por exemplo, ao se fortalecer ainda mais
frente às cadeias de fornecimento globais.
Potências da indústria
O agronegócio impulsionou o bom resultado da indústria
paranaense no mercado internacional. Como explica o gerente de Desenvolvimento
Técnico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Flávio
Turra, 75% dos resultados das vendas paranaenses de 2023 para o mercado externo
são do agro.
“Tivemos uma safra recorde de soja neste ano, a maior da
história do estado, de mais de 22 milhões de toneladas, o que também explica o
aumento das exportações. O volume recorde é 82% superior ao do ciclo 2021/2022,
desempenho que se deve especialmente às condições climáticas favoráveis, após o
ano anterior de estiagem”, explica Flávio Turra.
Além do impulso da soja, a safra de milho teve excedente e a
exportação de carne, principalmente de frango, para países asiáticos se
destacou. Nesse cenário, as expectativas para o segundo semestre do agronegócio
paranaense são de um desempenho ainda superior ao primeiro, já que a safra
recorde de soja apenas começou a ser exportada e ainda seguirá até o fim deste
ano, além do incremento das vendas da proteína animal, que seguem em alta e com
boas novas negociações em andamento.
Rogério Trannin de Mello, diretor comercial da Coamo
Agroindustrial Cooperativa (Coamo) comenta que a safra recorde fez com que
apenas no primeiro semestre do ano, as vendas para o exterior da cooperativa
superassem todo o ano anterior. O principal produto em volume é a soja, mas
houve bons resultados na exportação dos derivados, como óleo refinado, além do
milho e do trigo, que também são destaques.
Ele explica que esse crescimento que se reflete nos números é
resultado de um intenso trabalho para garantir a qualidade de tudo que é
produzido, algo seguido com rígidos critérios de controle, e de acordo com as
exigências de todos os mercados com os quais negociam.
“O mercado exige mais do que um contrato de ‘soja ou milho de
origem brasileira’. Cada vez mais, há a necessidade de agregar qualidade e se
adequar ao que os compradores têm adotado, como critérios como rastreabilidade,
índice de proteína e uso de produtos químicos. Existe um compromisso com a
saudabilidade, pois estamos tratando de alimentos. Quem produz tem que se
preocupar com tudo isso”, reforça Rogério.
Em um cenário de boas perspectivas, o diretor lembra ainda da
importância de investir em infraestrutura logística para que o aumento da
produção, como tem acontecido, tenha sucesso em todo o processo, até chegar aos
seus destinos finais.
Além da agroindústria, outros setores também se destacaram.
Segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
(Ipardes) as vendas do setor automotivo somaram US$ 977 milhões para o exterior,
um aumento de 20,5%, enquanto máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos
diversos também tiveram um crescimento, de 20,4%, totalizando US$ 82 milhões.
Negociações do Paraná
com outros países
A China é o principal parceiro comercial do Paraná, tanto em
relação às importações quanto às exportações. O país importou US$ 3,2 bilhões
do Paraná no primeiro semestre do ano, um crescimento de 52,9% em relação ao
mesmo período do ano passado.
Veja, pela ordem, os principais destinos das exportações
paranaenses e o crescimento na comparação com o mesmo período do ano anterior:
1º China (52,9%)
2º Argentina (46,5%)
3º Estados Unidos (-22,3%)
4º México (47,3%)
5º Índia (-2,0%)
Principais fornecedores de mercadorias e serviços
(importação):
1º China (-28,3%)
2º Estados Unidos (-32,9%)
3º Rússia (49,3%)
4º Argentina (48,9%)
5º Alemanha (4,9%)
Fonte: Secex/MDIC
Impactos do câmbio
No último ano, a taxa de câmbio do real apresentava uma
trajetória de depreciação, o que significa que o valor da moeda brasileira
estava mais barato em relação ao dólar. No entanto, no momento há um movimento
de apreciação do real em relação às moedas internacionais, como o dólar e o
euro.
Em junho, a taxa média cambial do país foi de R$ 4,85 por
dólar (para venda), representando uma apreciação da moeda brasileira de 2,6% em
comparação com o mês anterior, e uma apreciação de 3,9% em relação ao mesmo mês
do ano passado.
O euro também seguiu a mesma tendência: em comparação com o
mês anterior, a moeda europeia se desvalorizou em 2,7% frente à brasileira, e
apresentou uma queda de 1,4% em relação a junho do ano anterior.
Como reforça Evânio Felippe, esses movimentos cambiais podem
impactar o comércio exterior e influenciar as atividades de importação e de
exportação. Por isso, requerem atenção e acompanhamento.
Quais as expectativas
para o segundo semestre?
Os resultados da atividade de comércio exterior dependerão do
dinamismo da economia mundial. É preciso considerar tendências do comércio
internacional para compreender de forma completa o cenário econômico atual e
seus possíveis impactos na região. Para o ano de 2023, as projeções da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam uma
expectativa de menor crescimento da economia global em comparação ao ano
anterior.
Segundo o relatório da OCDE, estima-se um crescimento real do
PIB mundial de 2,7%, com taxas de crescimento de 2,8% para os países do G20 e
1,4% para os países membros da OCDE. Nesse cenário, as estimativas de
crescimento do comércio mundial também são moderadas, prevendo-se um aumento de
apenas 1,6% em 2023, enquanto o crescimento do ano anterior foi de 5,0%.
Exportações: uma
alternativa promissora para a indústria crescer
Conquistar novos mercados é uma alternativa atrativa para a
competitividade das empresas, além de uma necessidade para a longevidade do
setor, e pode fazer parte da rotina das empresas de qualquer porte e segmento.
A velocidade e os resultados atingidos dependem de fatores como a experiência
daquele negócio, estratégia de venda e economia interna e externa.
Além disso, a atividade de comércio exterior tem influência
positiva sobre a industrial, como esclarece o especialista da Fiep, Evânio
Felippe, já que à medida em que se consegue produzir e exportar, pode-se
aumentar e fortalecer o nível de produção para abastecer os mercados interno e
externo.
A Fiep oferece todo apoio aos empresários industriais que
querem se inserir no mercado internacional por meio do Centro Internacional de
Negócios (CIN) do Sistema Fiep. Há à disposição consultorias, capacitações,
trabalho conjunto de planejamento da atividade de comércio exterior, viagens
estratégicas de estudo e negócios para a conquista de mercados e oportunidades,
entre outras soluções, como a série de estudos de inteligência de mercado, com
dados oficiais e análises criteriosas.
Passo a passo para as
empresas que querem exportar em 2023
Segundo a Sondagem Industrial
2023, 56% dos
empresários industrias paranaenses afirmaram que tinham a intenção de exportar
neste ano. Com os bons resultados do período, há ainda mais incentivo à ideia.
De forma geral, o CIN recomenda os seguintes passos, lembrando que pode haver
alterações de acordo com a modalidade e segmento:
Preparação
por meio de capacitações;
Avaliação
da capacidade produtiva;
Análise
do mercado-alvo;
Escolha
da melhor estratégia de entrada: venda direta, distribuidor, joint venture,
entre outros;
Adaptação
do produto;
Desenvolvimento
de um plano de negócios para exportar;
Aplicar
o gerenciamento de riscos.
Saiba aqui como a Fiep pode ajudar a sua
empresa a se inserir no comércio exterior.
Fonte: g1/ Foto: Divulgação/Coamo
