Publicado em: 28/11/2023
Agricultores paranaenses, comprometidos com a conservação de
florestas nativas, têm agora a oportunidade de obter renda por meio de um
programa inovador de proteção ambiental, desenvolvido por uma incubadora de
tecnologia situada em Maringá, no norte do estado.
A iniciativa visa promover a sustentabilidade, conectando o
setor agrícola com o urbano, ao estabelecer uma ponte entre as empresas
interessadas em adquirir créditos de carbono e os produtores rurais registrados
no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
O líder do projeto, o agrônomo João Berdu Júnior, explica que
o processo começa com a identificação de áreas de mata nativa através de
georreferenciamento com base nos dados do CAR.
A equipe avalia a extensão e a qualidade da preservação da
vegetação nativa. Com o apoio das informações fornecidas pelo Instituto Água e
Terra do Paraná (IAT), é possível determinar quais áreas são elegíveis para a
emissão de créditos de carbono, que geram compensação financeira para os
agricultores.
Segundo João, o pagamento é feito anualmente aos
agricultores, e cada hectare de mata preservada pode render R$ 280. Até o
momento, cerca de 10 agricultores da região de Maringá já foram beneficiados,
acumulando um total de R$ 35 mil em créditos de carbono.
Um dos pioneiros a receber essa compensação foi o agricultor
Angelo Celestino. Sua filha, Roseli de Fátima Celestino, também produtora
rural, destaca a importância dessa remuneração: “A preservação sempre foi uma
responsabilidade do produtor e é adequado que seja reconhecida financeiramente.
Essa é a primeira vez que isso acontece e temos a expectativa de que essa
valorização da conservação continue.”
A legalidade desse tipo de remuneração é fundamentada no
Código Florestal de 2012, que explicita o direito do produtor rural de ser
compensado pelos serviços ambientais prestados por áreas de preservação e
reservas legais em suas propriedades. Além disso, uma legislação de 2021 sobre
a política de pagamento por serviços ambientais reforça esse suporte legal.
João esclarece que, apesar de o amparo legal já existir,
faltava um modelo de negócio que efetivamente conectasse a função ecológica das
áreas naturais dos produtores com empresas comprometidas com a expansão do
plantio de árvores e a melhoria na conservação de áreas verdes.
Fonte: Pensar Algo/ Foto: Reprodução