Publicado em: 25/07/2023
Principal instituição de fomento do país, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende financiar R$ 50 bilhões em
projetos neste ano, disse nesta segunda-feira (24) o presidente da instituição
financeira, Aloizio Mercadante. O valor representa o dobro do ano passado.
“Trouxemos um pouco a nossa carteira de projetos, que está
muito forte. Tivemos crescimento de 207% em novos projetos que deram ingresso
no BNDES. E nesse ano a perspectiva é financiar R$ 50 bilhões, o dobro do ano
passado”, afirmou Mercadante após se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad.
Segundo Mercadante, o BNDES precisa de novos instrumentos de
financiamento para atender às políticas públicas em elaboração, como o novo
Programa de Aceleração do Crescimento, a nova política industrial e o Pacote de
Transição Ecológica, também chamado de Pacote Verde.
“Existe uma pressão forte por investimentos, há uma grande
motivação para investimento nesse novo ambiente, há expectativa de queda da
taxa de juros e de novos instrumentos de financiamentos que acelerem
investimentos”, declarou Mercadante. Segundo ele, o banco já financiou mais
exportações no primeiro semestre que em todo o ano passado e elevou em 56% o
financiamento a micro, pequenas e médias empresas neste ano.
O presidente do BNDES também anunciou que, em breve, o banco
concederá financiamentos à inovação e à digitalização atrelados à Taxa
Referencial (TR), que totalizará no máximo 3% ao ano. “Isso deve contribuir
para acelerar os investimentos da indústria”, declarou. Os financiamentos
tradicionais do BNDES são corrigidos pela Taxa de Longo Prazo (TLP), que segue
a cotação de mercado de títulos públicos vinculados à inflação.
Fundo Clima
Mercadante também anunciou que o Fundo Clima, administrado
pelo banco e que financia ações de transformação ecológica, receberá R$ 620
milhões extras neste semestre. O fundo financia projetos de redução de emissões
de gases do efeito estufa e de adaptação a mudanças climáticas.
“Nós vamos ter agora um acréscimo de em torno de 620 bilhões
de reais no Fundo Clima, que é administrado pelo BNDES e é um fundo que o
Brasil tem imenso potencial para captar recursos no exterior, os chamados green
bonds, os fundos verdes, que possam alavancar a capacidade de financiamento de
investimento para o desenvolvimento”, comentou.
FAT
Mercadante também reclamou do déficit do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT), uma das principais fontes de recursos do BNDES. Pelas
estimativas do governo, o Fundo deve encerrar o ano com déficit de R$ 4,3
bilhões, mesmo recebendo aporte de R$ 1,7 bilhão do Tesouro. Segundo ele, o
Congresso precisa resolver a destinação de recursos do fundo, que passou a
destinar parte dos recursos à Previdência Social após a aprovação da reforma da Previdência.
“A equação do FAT tem de passar pelo Congresso Nacional. O
FAT não foi concebido para financiar a Previdência Social”, criticou
Mercadante. Ele disse que o BNDES não reembolsará parte dos empréstimos
concedidos pelo banco com recursos do fundo, apesar de a possibilidade estar
prevista na legislação.
Criado na Constituição de 1988, o FAT é composto pela arrecadação
do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (Pasep). O fundo repassa 40% dos recursos do BNDES, para
reforçar o capital do banco de fomento para emprestar ao setor produtivo. Os
60% restantes vão para o Ministério do Trabalho, que usa os recursos para pagar
o abono salarial, o seguro desemprego e realizar programas de qualificação
profissional.
Mais cedo, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho,
reuniu-se com Haddad e disse estar preocupado com o déficit previsto no FAT
para este ano.
Fonte: Agência Brasil/ Foto: Arquivo/ Agência
Brasil
