Publicado em: 07/05/2025
A alta dos juros e o aumento no preço dos caminhões têm levado transportadoras a repensarem seus investimentos. Neste ano, muitos empresários decidiram não adquirir novos veículos, optando por alternativas como locação, terceirização ou intensificação da manutenção da frota atual, estendendo, assim, a vida útil dos caminhões.
Segundo a executiva, o valor do frete não acompanha o aumento dos custos do transporte, como caminhões e óleo diesel. Por isso, se surgirem novos contratos em 2025, a empresa pretende alugar os veículos.
Apesar de abrir mão da posse dos ativos, a Zorzin Logística vê vantagens na locação. A principal delas é que a manutenção fica sob responsabilidade da locadora. À transportadora cabem apenas o abastecimento, a operação e o seguro dos veículos. Como resultado, o custo operacional de um caminhão alugado pode ser até 25% menor que o de um veículo próprio ainda financiado.
“Temos caminhões pesados cujo financiamento custa R$ 30 mil por mês, cada um. Além disso, há os custos de manutenção — mesmo sendo novos, exigem troca de filtros, óleo etc. Já na locação, um modelo equivalente sai por R$ 17 mil mensais”, detalha Gislaine.
Venda do usado dificulta renovação
A Ghelere Transportes também precisou rever seus planos. A empresa previa comprar 40 caminhões em 2024, usando parte do valor obtido com a revenda de modelos usados da frota — cuja idade média é de 3 anos. A ideia era usar esse valor como entrada para a aquisição dos novos veículos e financiar o restante.
No entanto, os preços dos usados também subiram, dificultando a revenda. Como consequência, a empresa deve adiar a renovação e pode até ver a idade média da frota aumentar, também em função da alta da Selic, que encarece as parcelas de financiamento.
“Além disso, não estou vendo as montadoras recuarem nos preços. Os fabricantes aceitam o caminhão usado como parte do pagamento, mas oferecem cerca de 20% abaixo da tabela Fipe, e ainda cobram mais caro pelo modelo 0 km. Assim, para nós, não compensa. É melhor revender no mercado e usar esse dinheiro como entrada”, afirma o CEO Eduardo Ghelere.
Diante disso, a manutenção, que sempre foi feita regularmente, agora ganha prioridade, já que os caminhões mais antigos seguirão operando.
Ainda assim, antes da Fenatran, a Ghelere comprou 112 novos caminhões pesados, que se somam à frota de 400 veículos. Além disso, adquiriu 70 novos implementos para acoplar em caminhões de motoristas agregados — atualmente, 50 atuam para a empresa. Essa estratégia permite manter os contratos sem extrapolar o orçamento. A empresa também considera ampliar esse modelo de parceria.
Fim de contratos com baixa rentabilidade
“Há fretes que não cobrem os custos operacionais. Tínhamos cliente cuja carga e descarga demorava muito, e o valor pago não compensava. Com o aumento dos custos, é melhor encerrar o contrato do que operar no prejuízo”, avalia Ghelere.
Tomasi Logística reduz plano de expansão para 2025
O plano original previa a aquisição de 100 novos caminhões. Agora, serão apenas 50. Segundo o diretor executivo Diego Tomasi, 80% da compra seria destinada à ampliação da frota, e o restante, à renovação.
“Entendemos que não haverá uma demanda tão aquecida para caminhões. Por isso, optamos por uma compra mais conservadora”, explica Tomasi.
Expectativa moderada no setor
A Tomasi Logística atua em diversos segmentos, como transporte alimentício, de materiais acabados e peças automotivas. De acordo com Diego Tomasi, com base nas projeções dos clientes, alguns setores devem registrar apenas um crescimento orgânico em 2025, especialmente devido ao aumento do dólar.
