Publicado em: 25/07/2023
O Banco Central (BC) prevê que o volume de crédito bancário
crescerá 7,7% em 2023. A projeção teve uma ligeira alta diante da previsão
anterior de 7,6%, divulgada em março deste ano, e continua indicando um
processo de desaceleração do crédito, “compatível com o ciclo de aperto
monetário” de alta na taxa Selic, os juros básicos da economia.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC mantém a taxa
Selic em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado, o maior nível desde janeiro
de 2017, apesar da queda da inflação e
das pressões de parte do governo para redução dos juros básicos.
A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta
de inflação porque a taxa causa reflexos nos preços, já que juros mais altos
encarecem o crédito e estimulam a poupança, evitando a demanda aquecida. Os
efeitos do aperto monetário são sentidos no encarecimento do crédito e na
desaceleração da economia.
A nova estimativa incorpora os novos dados do mercado de
crédito e a revisão do cenário macroeconômico futuro. As informações são do
Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgado nesta
quinta-feira (29).
“Os dados do mercado de crédito divulgados desde o relatório
anterior mostram evolução do saldo dos empréstimos às famílias acima do
esperado, principalmente no segmento direcionado, enquanto os financiamentos às
empresas recuaram de forma mais intensa, destacando-se o segmento livre”,
informou o órgão.
PREVISÃO DO BC POR
SEGMENTO
Para 2023, a projeção de crescimento do estoque do crédito
livre para pessoas físicas aumentou de 8% para 9%, “refletindo a maior
resiliência observada nas concessões até abril de 2023”. Por sua vez, a
projeção de crescimento do crédito livre às empresas foi reduzida de 6% para
3%, “devido à desaceleração mais intensa do que a esperada no primeiro
quadrimestre do ano”.
“Esse movimento decorre, em parte, da oferta de crédito
relativamente restritiva no início do ano, uma consequência tanto das condições
gerais da economia, incluindo o estágio atual do ciclo monetário, como de
repercussões do caso Americanas”, explicou o BC.
Em recuperação judicial desde janeiro, as Lojas Americanas
enfrentam uma crise desde a revelação de “inconsistências contábeis” de R$ 20
bilhões. Posteriormente, o próprio grupo admitiu que os débitos com as
instituições de crédito podem chegar a R$ 43 bilhões.
O crédito livre é aquele em que os bancos têm autonomia para
emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas
dos clientes. Já o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo e é
destinado, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao
microcrédito.
A desaceleração do crédito livre foi parcialmente
contrabalançada por um crescimento do crédito direcionado. Nesse segmento, a
projeção de crescimento do saldo de pessoas físicas aumentou de 9% para 11%,
diante da maior disponibilização de crédito rural no começo do ano.
A revisão, por outro lado, também reflete a desaceleração
ainda discreta do saldo do crédito imobiliário, a despeito da retração nas
concessões observada desde meados de 2021. “Vale lembrar que, como os prazos da
modalidade são altos e as amortizações relativamente pequenas em comparação ao
saldo, movimentos das concessões têm impacto mais defasado na carteira de
crédito”, explicou o BC.
Por fim, no segmento de pessoas jurídicas, no crédito
direcionado, a projeção foi mantida em 7%.
Fonte: Paraná Portal/ Foto: Arquivo/Marcello
Casal Jr/Agência Brasil
