Publicado em: 03/11/2023
Integrantes da diretoria da Federação das Indústrias do
Parana (Fiep), liderados pelo presidente Edson Vasconcelos, reuniram-se nesta
terça-feira (31), em Brasília, com o vice-presidente da República e ministro do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. A Fiep levou
a Alckmin algumas demandas da indústria paranaense, incluindo um pedido por
ações emergenciais para auxiliar empresas de municípios afetados pelas
enchentes no Estado. A comitiva também colocou a entidade à disposição para ser
parceira de ações do ministério para o desenvolvimento do setor. A reunião foi
realizada na sede do ministério.
“Viemos ampliar o relacionamento, principalmente para buscar
que o ministério vá mais para o Estado para entender as características da
indústria do Paraná. Acredito que o ministro foi bem receptivo e, nos próximos
meses, teremos resultados positivos dessa reunião”, acrescentou presidente da
Fiep, Edson Vasconcelos
Outro objetivo do encontro foi sensibilizar o ministério em
relação a uma maior atenção às micro, pequenas e médias indústrias,
principalmente no contexto de desenvolvimento sustentável. “A
neoindustrialização tem uma necessidade de olhar a sustentabilidade de forma
ampla e generalizada, porém, tem uma linha de corte de indústrias que não
conseguem ter acesso e, mais do que isso, estão em momento de subsistência”,
explicou.
Também foi solicitado um olhar especial do ministério sobre a
questão energética. “Há de ter um entendimento do custo da energia e de opções
que a gente possa ter para o pequeno e médio industrial, porque o grande já tem
condições de fazer essa autoavaliação e geração própria”, afirmou o presidente
da Fiep.
“A energia é um insumo caro e, a partir do momento em que a
indústria tem a sua própria geração, essa despesa vira um diferencial
competitivo”, completou Vasconcelos.
Medidas emergenciais
Uma das principais solicitações feitas pelos diretores da
Fiep a Alckmin foi que o governo federal estenda ao Paraná medidas de auxílio
ao setor produtivo de municípios afetados pelas enchentes que atingem o Estado.
“Tivemos esse estado de calamidade em alguns municípios do Estado devido ao
excesso de chuvas e viemos trazer um pedido para que houvesse uma avaliação
criteriosa sobre as questões tributárias, postergações de impostos e outros
assuntos ligados a esse tema”, comentou Vasconcelos.
Segundo Alckmin, uma equipe da Secretaria Nacional de
Proteção e Defesa Civil estará no Paraná nesta quarta-feira para analisar as
condições das áreas afetadas. Além disso, disse que, para os municípios
paranaenses que já declararam estado de calamidade, há a postergação automática
dos impostos federais.
Setores industriais
A Fiep também levou ao ministério algumas demandas relativas
a setores específicos da indústria do Paraná. Entre elas, a crise na cadeia
produtiva do leite. “O setor leiteiro está sendo muito atingido principalmente
pelas importações de leite do Uruguai, devido às alíquotas do Mercosul, e isso
prejudica muito a cadeia de valor do nosso Estado, porque temos valor agregado
na cadeia do leite”, pontuou Vasconcelos. O ministro comentou que o governo
está trabalhando em diversos decretos que para alterar questões tributárias
dessas importações e criar melhores condições especialmente para os pequenos
produtores de leite e indústrias de laticínios.
Outro setor que vem enfrentando dificuldades por causa de
importações é o de confecção. A diretoria da Fiep falou com Alckmin sobre os
impactos que a entrada em larga escala de compras de peças de vestuário feitas
em marketplaces estrangeiros tem causado no setor no Brasil. Atualmente,
compras de até US$ 50 estão isentas do pagamento de tributos de importação, o
que reduz a competitividade dos produtos nacionais, afeta as vendas no varejo
brasileiro e, consequentemente, as indústrias, que possuem custos de produção
mais altos do que os concorrentes de outros países. Segundo Alckmin, o
ministério já teve várias reuniões sobre esse assunto e está buscando soluções.
Indústria madeireira
Durante a reunião em Brasília, a comitiva da Fiep também
falou sobre o grande potencial da indústria de base florestal paranaense, uma
das principais do país. Porém, a indústria madeireira, que exporta para vários
países, vem enfrentando barreiras não tarifárias para vender seus produtos
especialmente para os Estados Unidos e a União Europeia. Sob alegação de
garantir que essa madeira não venha de áreas de desmatamento ilegal, estão
sendo exigidas novas certificações da madeira brasileira. Além disso, exigem
que essa comprovação seja feita por certificadoras norte-americanas ou
europeias, o que aumenta os custos para as indústrias brasileiras que atuam no
mercado externo.
“A certificação que eles pedem gera um custo alto, que não
agrega valor ao produto”, explicou Edson Hideki Ono, diretor da Fiep e
presidente do Sindicato das Indústrias de Madeiras de Guarapuava
(Sindusmadeira). “Em países como Suécia ou Áustria, 90% da madeira que produzem
são de florestas nativas, então eles precisam dessa certificação para dar
continuidade a esse ecossistema. No Brasil, precisamos que o governo nos ajude
a mostrar que nossa madeira vem de áreas reflorestadas, que não são ilegais”,
acrescentou.
Ono também apontou ao ministro o grande potencial de
crescimento do setor no Brasil, especialmente com a possibilidade do uso de
madeira engenheirada em construções. “A madeira engenheirada é uma inovação
vindo para o Brasil. O Sul do país possui a maior área de reflorestamento e o
Paraná é o que está na frente, então temos tudo para alavancar a madeira
engenheirada”, disse. Para isso, no entanto, é fundamental criar estímulos para
a produção de madeira em áreas de reflorestamento. “O governo pode ser um facilitador
para estimular o plantio não apenas de grandes produtores, mas também dos
pequenos, que podem aproveitar áreas ociosas de suas propriedades”, comentou.
Outro estímulo que foi pedido ao ministro diz respeito ao
setor de telecomunicações, ligado à conectividade rural. “Estamos solicitando
que o crédito rural possa ser usado também para financiar a conectividade
rural”, explicou Helio Bampi, vice-presidente da Fiep e empresário do setor.
“Isso precisa de uma legislação federal, então é preciso haver uma interface
com o Ministério da Agricultura para viabilizar essa medida”, acrescentou.
Alckmin se mostrou receptivo às demandas e afirmou que vai
direcioná-las a diferentes áreas do ministério para análise. Quem também
participou da reunião foi o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação,
Comércio e Serviços do ministério, Uallace Moreira Lima.
Nova diretoria da CNI
Ainda em Brasília, os integrantes da diretoria da Fiep também
participaram, na noite desta terça, da solenidade de posse da nova diretoria da
Confederação Nacional da Indústria (CNI). O empresário Ricardo Alban assumiu
oficialmente a presidência da entidade para um mandato de quatro anos.
Já na manhã desta quarta-feira (1º), os diretores conheceram
o SESI Lab, museu interativo instalado em Brasília pelos departamentos
nacionais do Sesi e do Senai. Inspirado no Exploratorium, um dos principais
centros interativos do mundo localizado na Califórnia (EUA), o SESI Lab está
alicerçado na atuação de seus mantenedores nas áreas de cultura, educação e
ciência por mais de 80 anos. Inaugurado em novembro de 2022, o espaço possui
programação multidisciplinar orientada por abordagem educativa criativa, inovadora
e acessível a diferentes públicos e já recebeu mais de 225 mil visitantes desde
a sua abertura.
Fonte: Banda B/ Foto: Gelson Bampi
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