Publicado em: 04/11/2024
Um dos principais pontos de atenção ao setor transportador têm sido as mudanças nas regras do teor do biodiesel de base éster no diesel fóssil. O estudo foi apresentado nas Sessões Técnicas do 14º Congresso Brasileiro de Planejamento Energético (14º CBPE), promovido pela SBPE (Sociedade Brasileira de Planejamento Energético). A participação no Congresso representa que o estudo foi revisado por cientistas e validado pela citada Sociedade.
O trabalho, conduzido pela UnB (Universidade de Brasília), revelou que o aumento na proporção de biodiesel no diesel comercial está relacionado a uma série de complicações que afetam diretamente o motor de veículos do ciclo diesel, no que diz respeito a emissões de poluentes e à eficiência energética.
Aumento nas emissões de CO2
No estudo, observou-se um aumento significativo nas emissões de CO2 (dióxido de carbono), especialmente quando um motor opera com uma mistura de 20% de biodiesel (B20) – proporção que é a meta estabelecida para o combustível em 2030, segundo a legislação do Combustível do Futuro. Os resultados do estudo mostram que, ao se elevar a mistura de biodiesel de 7% para 20%, as emissões específicas de CO2 aumentam consideravelmente, em função da diminuição da potência efetiva do motor.
A análise também revelou um aumento significativo nas emissões de NOx (óxido de nitrogênio). Esse gás é extremamente nocivo à saúde humana e ao meio ambiente, pois provoca infecções respiratórias e pode induzir à ocorrência de chuva ácida.
Desempenho comprometido
A pesquisa também notou uma queda no desempenho dos motores. A partir de uma mistura de biodiesel de 20%, surgem problemas como a formação de resíduos e a contaminação do óleo lubrificante, exigindo maior atenção para a manutenção de peças do motor.
Nesse nível de adição, o consumo de combustível também aumenta, enquanto a eficiência do motor é reduzida, resultando em um desempenho inferior ao que seria alcançado com teores inferiores de biodiesel.
Os dados indicam que motores com tecnologias antigas enfrentam mais dificuldades quando operam com altos níveis de biodiesel. O impacto é tanto no desempenho quanto nas emissões, demonstrando a necessidade de avanços tecnológicos e de uma possível reavaliação das metas de mistura de biodiesel no diesel.
Reflexões para o futuro do setor
Os resultados apresentados reforçam a necessidade de uma análise contínua e ajustada das políticas públicas em relação ao biodiesel, especialmente no que se refere à tecnologia dos motores utilizados e ao impacto ambiental gerado pela mistura.
Com o eventual aumento da mistura obrigatória para 20% até 2030, é fundamental considerar tanto a eficiência operacional quanto a sustentabilidade ambiental no planejamento futuro do setor. “A CNT alerta para a importância de decisões embasadas tecnicamente e defende que qualquer mudança no teor do biodiesel seja precedida por testes rigorosos e validação científica”, afirma o diretor executivo da Confederação, Bruno Batista.
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Fonte: CNT