Publicado em: 16/05/2024
A pesquisa
“Cenários de carregamento da rede multimodal de transporte com fluxos de cargas
nos horizontes base atual e projetados (ainda sem novas infraestruturas)”,
realizada pela Fundação Dom Cabral, revela como a matriz brasileira de
transporte de cargas opera. O estudo considera apenas o transporte de longa
distância e as variáveis Volume de Cargas (TU) e Produção de Transporte (TKU).
Ao considerar
15 grupos de produtos diferentes, o estudo analisa os modais de transporte que
respondem pela maior parte da logística de cargas no país: malha ferroviária,
rodoviária, hidroviária, dutoviária e navegação de cabotagem.
Atualmente, as
rodovias respondem por 62,2% do transporte de cargas no Brasil. O setor que
mais movimenta este modal é o de Alimentos e bebidas, uma vez que 91,4% do
volume transportado da categoria é realizado por rodovias. “Além do papel
fundamental na logística brasileira, as rodovias são elemento de segurança
nacional. O Brasil é um país de altíssima dependência das rodovias para o
suprimento de sua população em alimentos e bebidas. Dificilmente haverá
mudanças estruturais nessa condição. Portanto, é imprescindível o investimento
na qualidade do sistema rodoviário”, comenta Paulo Resende, professor e
coordenador do Núcleo de Infraestrutura, Supply Chain e Logística da Fundação
Dom Cabral e responsável pela PILT-FDC.
Imagem de
Fundação Dom Cabral
“A malha
rodoviária é de extrema importância para o nosso país. Um sistema rodoviário
ruim, significa que nossa alimentação também será comprometida. Se a rodovia
parar, para o Brasil. Já vimos isso antes e a sociedade é quem sofre com esses
acontecimentos. Já sabemos que o prejuízo por ter uma matriz desse jeito é de
R$ 30 bilhões por ano”, pontua Paulo Resende.
A pesquisa
apresentada conduzida pela PILT FDC (Plataforma de Infraestrutura em Logística
de Transporte da FDC) utiliza o estudo “Do nothing”, que considera o mesmo
cenário, para comparar os dados do ano base, referente a 2022, com uma projeção
até 2035.
Os Produtos
Manufaturados também se destacam entre os que mais utilizam o modal rodoviário,
com 85,2% do transporte realizado por essa malha e uma projeção para 2035 de
84,7%. “Esse é um tipo de produto que depende muito da facilidade que só é
possível encontrar pelas rodovias para entrega porta-a-porta (máquinas,
equipamentos e outros bens de consumo duráveis). Neste grupo, é possível
considerar o equilíbrio entre rodovias e ferrovias/rodovias, uma oportunidade
para o transporte multimodal”, explica o professor da Fundação Dom Cabral.
Produtos
manufaturados – Volume transportado (Ano base e projeção)
Dos 15 grupos
analisados, o Minério de Ferro é o maior representante dos produtos que não
possuem a malha rodoviária como principal meio de transporte. Para o
responsável pela pesquisa, Paulo Resende, este é o melhor exemplo de
distribuição eficiente de participação entre modais de transportes no país.
“Vemos neste produto que a participação ferroviária se encaixa perfeitamente
com a natureza do produto, o que poderia acontecer também com outros produtos,
mas com a rodovia servindo de complemento multimodal”, pontua o professor.
Minério de
ferro – Volume transportado (Ano base e projeção)
As categorias analisadas no estudo são: Alimentos e bebidas, Produtos Manufaturados, Soja em Grãos, Farelo de Soja, Milho em Grãos, Celulose e Papel, Fertilizantes Importados, Combustíveis, Petro e Químicos, Cimento Ensacado, Minério de Ferro, Carvão Mineral, Outros da lavoura e pecuária, Outros Minerais e Produtos de Borracha, Plástico e Não-Metal.
De acordo com a
pesquisa, de natureza exploratória e que considera o cenário “Do Nothing” (sem
investimento em infraestrutura), a projeção para 2035 é de que o transporte por
rodovias esteja ainda mais sobrecarregado, respondendo por 63,7% de toda a movimentação
de cargas no país.
Fonte:
Blog do Caminhoneiro