Publicado em: 31/10/2025
Uma verdadeira revolução logística está prestes a acontecer no Porto de Paranaguá. O Moegão, a maior obra pública portuária do Brasil, obteve 75,1% de execução, segundo medições técnicas feitas na primeira quinzena de outubro. De acordo com a Portos do Paraná, um dos avanços principais realizados recentemente foi a finalização das montagens dos pré-moldados que fazem a cobertura da moega. A obra de infraestrutura trará um aumento de movimentação no Porto, bem como reduzirá o impacto do sistema ferroviário na cidade de Paranaguá.
Segundo a Agência Estadual de Notícias (AEN), após entrar em operação, o Moegão poderá receber 24 milhões de toneladas de grãos e farelos por ano, atendendo aos terminais do Corredor de Exportação Leste (Corex). “Até o momento, foram concluídos 83,17% da parte civil (estrutura física), 80,33% da mecânica e 48,93% da parte elétrica. De acordo com o cronograma, a conclusão total deve ocorrer até janeiro de 2026”, detalha a AEN.
De acordo com a assessoria, na moega, também foram implementadas as grelhas metálicas no piso por onde passarão os produtos que sairão dos vagões. “O novo complexo é formado por moegas ferroviárias, sistema de transporte vertical (elevadores de canecas), sistema de transporte horizontal (correias transportadoras), sistema de transferência de produto (torres de transferência), sistema de alimentação dos terminais (torres de alimentação), balanças (ferroviárias e integradoras), prédio administrativo e prédio de manutenção”, explica.
“O Governo do Estado do Paraná, por meio da Portos do Paraná, está investindo mais de R$ 650 milhões na construção, com recursos próprios e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”, explica a AEN.
Preparando o Porto de Paranaguá para o futuro
“Estamos antecipando o aumento da movimentação de cargas que chegará por aqui a partir dos investimentos na ampliação do modal ferroviário que ocorrerão em breve. Paranaguá não será um gargalo para o receptivo de trens”, ressalta o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, destacando que o Moegão é uma obra que fará muita diferença no presente, mas que também prepara o Porto de Paranaguá para o futuro.
Segundo a Portos do Paraná, atualmente, em média, 550 vagões podem ser descarregados diariamente nos terminais de exportação. “Com o Moegão, esse processo será padronizado em um único ponto de descarga: 180 vagões poderão ser descarregados a cada cinco horas — o que equivale a aproximadamente 900 vagões por dia. Os granéis vegetais seguirão por correias transportadoras até 11 terminais interligados ao sistema e, de lá, para os navios”, detalha.
“Como as composições férreas não precisarão mais entrar nos armazéns para descarregar, as manobras, hoje necessárias, deixarão de existir. O número de cruzamentos com interrupções nas vias de acesso à área portuária cairá de 16 para cinco”, explica a empresa pública.
Projetos interligados
De acordo com a Portos do Paraná, o Moegão não é uma estrutura isolada no Porto, mas conta com diversos projetos interligados. “O projeto integra um conjunto de obras e investimentos que estão em execução e que irão potencializar a operacionalização de cargas no Porto de Paranaguá, que já é uma referência em todo o mundo”, acrescenta.
"Entre os terminais conectados ao Moegão estão as áreas arrendadas por meio de leilões. Desde 2019, a Portos do Paraná já leiloou nove áreas portuárias e trouxe R$ 5,1 bilhões em investimentos, garantindo regularização das áreas, segurança jurídica às parcerias público-privadas e investimentos expressivos para a modernização e ampliação da infraestrutura portuária”, afirma a Portos do Paraná.
Outro item importante são os leilões que ocorreram em abril deste ano, envolvendo os PARs 14, 15 e 25, avanço que garantiu a construção do Píer em “T”, que também estará conectado ao Moegão. “Do total de R$ 2,2 bilhões que as arrendatárias investirão, R$ 1,2 bilhão será destinado à obra, que contará com quatro novos berços de atracação. Além disso, o Governo do Estado fará um aporte adicional de R$ 1 bilhão”, complementa a AEN.
“O novo píer contará com um sistema ultramoderno de esteiras transportadoras, que levarão os produtos dos terminais até os porões dos navios em alta velocidade. O sistema atual movimenta cerca de 3 mil toneladas de soja ou outros grãos e farelos a cada hora; com a nova estrutura, esse volume subirá para 8 mil toneladas por hora”, afirma a Portos do Paraná. “As embarcações também serão maiores que as atuais, permitindo ampliar a movimentação de cargas, reduzir custos operacionais e aumentar a competitividade do Porto”, acrescenta.
Canal de acesso
Outro item essencial para garantir um Porto ainda mais avançado no futuro foi a concessão do canal de acesso, algo que foi realizado recentemente, em 22 de outubro, através de leilão na B3, em São Paulo – SP. “O consórcio que venceu a disputa terá que aprofundar o canal, e assim permitir o aumento do calado, que é a distância entre o ponto mais profundo do navio e a superfície da água. O calado atual é de 13,3 metros e passará para 15,5 metros em até cinco anos”, detalha a Portos do Paraná.
“É um ganho expressivo na competitividade do Porto de Paranaguá”, destaca o diretor-presidente, Luiz Fernando Garcia, explicando que atualmente, os navios carregam até 78 mil toneladas de grãos ou farelos, sendo que com o novo calado, um navio poderá sair do Paraná levando até 125 mil toneladas.
“Com a concessão, o acesso marítimo ao Porto também contará com o VTMIS (Vessel Traffic Management and Information System) — Sistema de Gerenciamento e Informação do Tráfego de Embarcações —, que garante mais segurança à navegação, à vida humana e ao meio ambiente. A instalação do VTMIS também trará ganhos importantes ao trabalho dos práticos — profissionais responsáveis por conduzir os navios desde a entrada do canal até a atracação —, tornando o processo ainda mais ágil e seguro”, finaliza a Portos do Paraná.
Fonte: Folha do Litoral