Publicado em: 14/08/2024

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apresenta a primeira edição da Revista do RDT (Recurso de Desenvolvimento Tecnológico), uma iniciativa que nasce com o propósito de destacar os avanços, desafios e inovações no setor de rodovias concedidas sob a fiscalização da ANTT. A revista foi concebida para conectar a comunidade científica com a prática, incentivando pesquisas que promovam o desenvolvimento da infraestrutura rodoviária federal, um segmento crucial para o desenvolvimento econômico e social do país.

A regulamentação do Recurso de Desenvolvimento Tecnológico, instrumento central da publicação, foi inicialmente instituída pela Resolução ANTT n° 483, de 29 de março de 2004, com o objetivo de direcionar os recursos tarifários das concessões rodoviárias para o desenvolvimento tecnológico da infraestrutura rodoviária. Desde então, o RDT tem evoluído, com ajustes normativos como a Resolução ANTT n° 5.172, de 25 de agosto de 2016, e a Portaria SUINF n° 68, de 6 de março de 2019, que estabelecem critérios claros para a aplicação eficiente desses recursos.

Nesta edição, mergulhamos em temas que refletem o compromisso do RDT em promover inovações significativas no setor. Destacamos, por exemplo, o avanço das tecnologias Multi Lane Free Flow (MLFF) e High-Speed Weigh-In-Motion (HS-WIM), que estão revolucionando a gestão rodoviária ao permitir um controle mais preciso e eficiente das rodovias, sem a necessidade de parar os veículos para pesagem. Essas tecnologias representam um salto em eficiência e segurança, beneficiando não só as concessionárias, mas também os usuários e a sociedade como um todo.

Além disso, abordamos iniciativas sustentáveis que visam reduzir o impacto ambiental das operações rodoviárias, um tema cada vez mais relevante no cenário atual. A sustentabilidade é um pilar essencial para garantir que as inovações tecnológicas também sejam aliadas do meio ambiente, promovendo um desenvolvimento equilibrado e responsável.

O que é o RDT?

O Recurso de Desenvolvimento Tecnológico (RDT) é um mecanismo previsto nos contratos de concessão rodoviária, criado para incentivar o desenvolvimento tecnológico na infraestrutura rodoviária. Uma porcentagem da receita bruta dos pedágios é destinada exclusivamente para investimentos em pesquisa e desenvolvimento de soluções inovadoras para o setor.

A ANTT desempenha um papel crucial na fiscalização e acompanhamento desses recursos, garantindo que sejam aplicados conforme as diretrizes estabelecidas nos contratos de concessão. O RDT está previsto na terceira norma do Regulamento das Concessões Rodoviárias (RCR3), aprovada pela Resolução ANTT n° 6.032/2023, que aborda a gestão econômico-financeira desses contratos.

Diretrizes do RDT:

a) Promover a modernização da infraestrutura, visando à melhoria da eficiência, produtividade, qualidade e segurança dos serviços de exploração das rodovias;

b) Visar o desenvolvimento e a modernização das concessões de rodovias federais, e

c) Difundir o conhecimento científico e tecnológico.

Objetivos do RDT:

-Inovação e o desenvolvimento de:

I. Métodos e técnicas construtivas;

II. Tecnologia básica e aplicada;

III. Soluções técnicas para problemas específicos;

IV. Soluções de integração com o meio ambiente

V. Capacitação técnica.

Entrevista com Roger Pêgas, superintendente de Infraestrutura Rodoviária (Surod/ANTT)

Roger Pêgas destaca o Recurso de Desenvolvimento Tecnológico (RDT) como fundamental para a modernização das concessões rodoviárias no Brasil. Desde sua criação, o RDT já financiou mais de 100 projetos, totalizando R$ 92 milhões em investimentos voltados para pavimentação, segurança viária, gestão rodoviária e sustentabilidade ambiental. Exemplos de sucesso incluem o sistema de pesagem em movimento (HS-WIM) na BR-101/SC, que melhora a segurança sem interromper o tráfego, e o uso de visão computacional para monitoramento de incidentes em tempo real na BR-116/PR.

“Os impactos do RDT são significativos, com inovações que melhoram a qualidade das rodovias, aumentam sua durabilidade e reduzem custos de manutenção. Além disso, muitos projetos promovem a sustentabilidade, utilizando materiais reciclados e reduzindo as emissões de CO2, como no projeto de pavimentação sustentável que reduziu as emissões em 20% durante a produção e aplicação do asfalto” explicou Pêgas.

Para enfrentar os desafios da modernização, o superintendente também enfatiza a importância da implementação do Programa de Revolução Tecnológica e Comportamental (PROREV), que é vista como um passo crucial para modernizar a infraestrutura e integrar novas tecnologias. “Com o PROREV, estamos promovendo uma mudança tecnológica, cultural e comportamental dentro das concessionárias, incentivando a inovação e a excelência na gestão rodoviária. O RDT andará de mãos dadas com o propósito do PROREV, focando na inovação e melhorias contínuas” concluiu.

Transformando rodovias com inovação

Desde 2013, o Recurso de Desenvolvimento Tecnológico (RDT) tem sido fundamental para a inovação e modernização das rodovias brasileiras. Sob a gestão da Superintendência de Infraestrutura de Transportes da ANTT, o RDT financia projetos que trazem novas tecnologias e práticas para áreas como pavimentação, segurança viária, gestão rodoviária e proteção ambiental.

O objetivo central do RDT é implementar soluções tecnológicas que aumentem a eficiência e a segurança das rodovias, melhorando a experiência dos usuários. Até agora, o RDT apoiou 102 projetos, com 79 concluídos e 19 em andamento, totalizando um investimento de R$ 96,2 milhões. Essas iniciativas visam otimizar a infraestrutura e os serviços das rodovias concedidas no Brasil.

Projetos em Destaque: Sistema Free Flow e Sandbox Regulatório

O Recurso de Desenvolvimento Tecnológico (RDT) tem sido fundamental para o avanço das rodovias brasileiras, promovendo a inovação e a adoção de novas tecnologias. Um exemplo desse impacto é o sistema Free Flow, atualmente em estudo na Ponte Rio-Niterói no âmbito do RDT.

Já o Sandbox Regulatório é uma ferramenta que cria um ambiente experimental controlado, permitindo o desenvolvimento e teste de novas soluções tecnológicas antes de sua aplicação em todo o sistema rodoviário. Isso garante que as inovações sejam ajustadas e otimizadas para serem seguras e eficazes quando implementadas em maior escala.

Desenvolvimento de tecnologia para identificação de incidentes na BR-116/PR

O projeto, conduzido no trecho sob concessão da Autopista Litoral Sul, teve como objetivo analisar a viabilidade técnica e obter homologação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para a implementação de uma solução inovadora. Utilizando tecnologias avançadas como Inteligência Artificial, Machine Learning, Deep Learning e Visão Computacional, o projeto aplicou o conceito de MVP (Produto Mínimo Viável) para testar novas técnicas de monitoramento de tráfego, identificação de incidentes e prestação de atendimento aos usuários da rodovia.

Fala, Pesquisador! Entrevista com Eduardo Loewen, Gerente de Gestão e Inteligência Operacional da Arteris Litoral Sul

Eduardo Loewen destacou que o projeto de Visão Computacional na BR-116/PR permite uma análise detalhada da eficácia do modelo, essencial para a homologação pela ANTT e para a implementação de melhorias no sistema. A Arteris Litoral Sul planeja expandir essas soluções em larga escala, alinhando-se a outras iniciativas como o Free Flow e a pesagem em movimento, reforçando o papel da tecnologia e da inteligência artificial na modernização das rodovias e na melhoria dos serviços aos usuários.

Você Sabia? Curiosidades sobre o RDT

O Recurso de Desenvolvimento Tecnológico (RDT) financia há 10 anos o Programa Especial de Treinamento em Engenharia Rodoviária (PETER), uma parceria entre a CCR Via Sul e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O PETER oferece formação prática e abrangente para alunos com excelente desempenho acadêmico, revolucionando a capacitação de engenheiros rodoviários no Brasil.

HS-WIM, na CCR Via Costeira

Em 2021, a Concessionária CCR Via Costeira iniciou um projeto com o Recurso de Desenvolvimento Tecnológico (RDT) para a "Implantação e Modernização da Fiscalização e Monitoração Rodoviária com Equipamentos de Pesagem em Alta Velocidade (HS-WIM)". O projeto, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans), visa aprimorar o monitoramento e fiscalização automatizados de peso nas rodovias. A iniciativa também busca revisar normas e propor novos regulamentos, com foco na modernização dos processos de pesagem rodoviária.

Free Flow, no Grupo Eco Rodovias (Ecoponte)

A concessionária EcoPonte está realizando um estudo com o RDT sobre a "Implantação de Laboratório de Sistema Multi-Lane Free Flow e Estudo de Aplicação da Tecnologia em Rodovias sob Concessão ANTT". O projeto visa analisar os impactos da implementação de um sistema Multi-Lane Free Flow na Ponte Rio-Niterói e incluir a criação de um laboratório para testar essa tecnologia. O objetivo é modernizar a infraestrutura das rodovias concedidas, melhorando a eficiência, produtividade, qualidade e segurança dos serviços, além de promover a equidade tarifária.

Informações sobre este e outros projetos do RDT estão disponíveis no Painel Bl no site da ANTT.

Mensagem do diretor Luciano Lourenço

“A atuação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) pauta-se, sobretudo, pela promoção do que chamamos de PROREV, que é um programa que propicia a revolução regulatória, tecnológica e comportamental na ANTT, com projetos, iniciativas e ações estruturadas para que a Agência atinja um novo patamar de atuação.

Esta coletânea é fruto, exatamente, da presença fundamental das revoluções regulatória e tecnológica nesse processo evolutivo da ANTT. Por isso, é com grande satisfação que damos as boas-vindas à primeira edição da Revista do RDT - Recurso para Desenvolvimento Tecnológico. Esta publicação é um registro do nosso compromisso contínuo com a inovação e o progresso no campo das rodovias federais concedidas. Gostaria de destacar as vastas oportunidades que emergem do investimento em pesquisa tecnológica e do fortalecimento das parcerias entre concessionárias e instituições acadêmicas. É através dessa sinergia entre a academia, as concessionárias e os demais parceiros que conseguimos transformar ideias em realidade, promovendo o desenvolvimento tecnológico que beneficia a todos. Dito isto, a Diretoria Colegiada da ANTT tem a visão de encorajar a continuidade e a expansão dessas colaborações, acreditando firmemente que o investimento em pesquisa e desenvolvimento é o caminho para uma infraestrutura viária mais segura, eficiente e sustentável” - Luciano Lourenço.

Fique ligado!

Para a apresentação dos projetos para análise e aprovação da execução, são realizados 4 comitês do RDT por ano. Nesse ano de 2024 já ocorreram dois Comitês RDT, o primeiro em 21 de março e o segundo em 20 de junho. Já o próximo comitê está previsto para 19 de setembro e 05 de dezembro de 2024.

Anualmente, também é realizado um workshop do RDT para apresentar os principais projetos em execução ou finalizados, suas inovações e resultados. Nesse ano o workshop está previsto para ocorrer no dia 21 de outubro, no Auditório de Docentes da Universidade de Brasilia - ADUnB, seguindo o objetivo de aproximação com as universidades federais.

Convidamos todos os leitores a explorar os artigos, entrevistas e análises que preparamos com dedicação nesta edição. A revista RDT está disponível de forma online através deste link. Esperamos que a Revista do RDT se torne uma referência para aqueles que buscam estar na vanguarda das inovações tecnológicas e das práticas de gestão no setor de rodovias concedidas no Brasil.

 

Fonte: ANTT

Nova revista do RDT: inovações e avanços tecnológicos nas rodovias federais concedidas