Publicado em: 06/10/2023
Entre 2015 e 2022, o crescimento da economia brasileira não
acompanhou a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) global. Em 2023, no
entanto, o cenário é diferente. De acordo com um relatório da Organização das
Nações Unidas (ONU) a taxa de crescimento do PIB brasileiro deve ficar em 3,3%
neste ano, acima dos 2,9% do ano passado. Já o avanço da economia global é
projetado em 2,4%, mostrando desaceleração em relação aos 3% registrados em
2022.
A projeção da ONU é maior que a do mercado financeiro
brasileiro, que projeta avanço de 2,92% do PIB neste ano. A estimativa do Ministério da Fazenda está mais em linha com o estudo das
Nações Unidas, mas ainda ligeiramente menor, em 3,2%.
De acordo com o relatório da Conferência da ONU para Comércio
e Desenvolvimento (Unctad) divulgado na quarta-feira, 5, entre os países do
G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, apenas Brasil, China, Japão,
México e Rússia devem apresentar aceleração no crescimento econômico na
comparação com 2022.
No relatório, a ONU elenca o agronegócio brasileiro como um
dos motores do avanço do PIB. “O crescimento das exportações de commodities e
as colheitas abundantes impulsionam o aumento do crescimento”, diz. O documento
cita, no entanto, forças no sentido contrário, como o impacto tardio do aperto
monetário do Banco Central, que começou a subir os juros em
2021 para segurar a inflação — e começou a baixá-los em agosto deste ano, e o
endividamento das famílias. “A expansão fiscal em 2023 deverá compensar estas
forças recessivas, mas o impulso fiscal para 2024, embora ainda sujeito a
negociações políticas, deverá tornar-se negativo”, alerta a ONU. Para 2024, a
expectativa é de crescimento menor, de 2,4%.
Cenário global
A ONU afirma que a economia global está a voar a uma
“velocidade de estol”, isto é, de um avião que está prestes a cair. O relatório
vê a situação atual como estagnação perigosa, com vários episódios de recessão.
Na avaliação da agência, a “economia global está em uma encruzilhada, na qual
caminhos de crescimento divergentes, desigualdades cada vez maiores,
concentração crescente do mercado e cargas crescentes de dívidas lançam sombras
sobre seu futuro”. Segundo a ONU, é necessário que os agentes políticos e
econômicos centrem-se em “reformas institucionais da arquitetura financeira
global, políticas mais pragmáticas para combater a inflação, a desigualdade e a
dívida soberana, bem como uma supervisão mais forte dos principais mercados”.
Para 2024, espera-se uma ligeira melhora no avanço do PIB, de
2,4% para 2,5%. “Numa nota mais positiva, a inflação, embora ainda acima dos
anos pré-pandemia, está a ser controlada em muitas partes do mundo. As crises
bancárias que eclodiram em Março de 2023 não conduziram ao contágio financeiro,
e os preços das matérias-primas desceram dos seus picos em 2022. Espera-se uma pequena
melhoria no crescimento global em 2024, dependendo da recuperação na área do
euro e de outras economias importantes, evitando choques adversos”.
Fonte: Veja/ Foto: Haddad e Lula (Ricardo
Stuckert/PT)
