Publicado em: 14/10/2021

O Paraná teve um recorde histórico de movimentação de cargas no primeiro semestre de 2021. Os portos de Paranaguá e Antonina registraram o volume de 29.081.691 toneladas de produtos transportados. Os dados são do Ministério da Economia. Ainda assim, a indústria paranaense convive com gargalos logísticos para escoar a produção, como a falta de estrutura ferroviária. O cenário deve mudar com a futura prorrogação da Malha Sul e a construção da Nova Ferroeste, que trará novos trilhos para regiões produtoras e inclui obras no Porto de Paranaguá. “Com a previsão de crescimento nos portos, o modal ferroviário precisa ser melhorado para evitar um colapso nas rodovias”, pontua João Arthur Mohr, gerente de Assuntos Estratégicos do Sistema Fiep. A entidade participa ativamente das discussões sobre o futuro da logística no Paraná dentro do G7.

 

Custo logístico e competitividade

Atualmente, o Paraná concentra 70% do Produto Interno Bruto (PIB) da América do Sul em um raio de 1.000 km, abrangendo estados do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e países vizinhos como Uruguai, Paraguai, Argentina e Bolívia. Com a Nova Ferroeste, o estado se tornará um hub logístico para escoar a produção tanto interna quanto externamente. “Não adianta ter um setor produtivo forte, um porto de alta capacidade, se não provermos condições para o crescimento. A ferrovia terá esse papel”, destaca Luiz Henrique Fagundes, coordenador do grupo de trabalho do Plano Estadual Ferroviário. Serão 1.285 km de novos trechos, conectando o Paraná ao Mato Grosso do Sul e interligando regiões produtivas do estado ao porto.

A ampliação do modal ferroviário deve reduzir em 28% o custo logístico da indústria e promover ganhos às comunidades do entorno – a estimativa do grupo de trabalho é que a Nova Ferroeste beneficie nove milhões de pessoas em 427 municípios, gerando emprego, renda e desenvolvimento. O traçado começa em Maracaju, no Mato Grosso do Sul, onde se conecta à Malha Oeste brasileira, passa por Guaíra, Cascavel e chega até o Porto de Paranaguá, tendo ainda um ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu. Em Balsa Nova, conecta-se à Malha Sul. “Temos que estar conectados com a malha ferroviária nacional. A maior parte do setor produtivo está no oeste do país, longe do porto. Há uma necessidade de criar um corredor de insumos para consumo interno, como milho e soja”, pontua Fagundes.

 

Mudanças na logística portuária

Os resultados na movimentação de cargas dos Portos do Paraná, complexo que inclui Paranaguá e Antonina, devem seguir em crescente nos próximos anos. O Plano Nacional de Logística Portuária projeta que até 2030 o volume de cargas movimentadas deve ser de 60 milhões, valor que está muito perto de ser alcançado já em 2022, mostrando que as projeções serão atingidas oito anos antes do previsto inicialmente. Desde 2019, o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) já vem ampliando a capacidade de escoamento em suas instalações, com a inauguração do maior terminal portuário do país, que aumentou o potencial de operação em 66%. Os investimentos continuam, com previsão de R$ 548 milhões em melhorias que serão executadas até 2048.

Diante disso, o Porto de Paranaguá precisa se preparar para receber um grande aumento do fluxo de contêineres e será preciso compatibilizar o fluxo crescente de granéis que chegam pela ferrovia com a capacidade de desembarque do porto. “No modelo atual, as composições precisam ser desmembradas e os vagões são destinados para terminais diferentes. Isso gera muitas manobras e congestionamento na cidade de Paranaguá”, pontua o gerente de Assuntos Estratégicos do Sistema Fiep, João Arthur Mohr.

Um dos projetos em andamento no setor portuário é a criação do Porto Guará, administrado pela iniciativa privada, vizinho ao Porto Público de Paranaguá, que inclui a construção de uma pera ferroviária, com ponto de descarga única. A projeção é escoar 35 milhões de toneladas de cargas movimentadas por ferrovias: “Isso só será possível porque o planejamento de todo o novo empreendimento portuário olhou primeiramente para a rodovia, depois para a ferrovia e, por fim, para o porto”, salienta o consultor do setor portuário, Luiz Dividino. Outro projeto, também em Paranaguá e da iniciativa privada, é o denominado Novo Porto, que está em fase de projetos e obtenção de licenças para autorização de sua implantação.

 

Atuação conjunta

O governo estadual, o governo federal, representantes da sociedade civil e das organizações envolvidas trabalham para dar os próximos passos nos projetos que vão acelerar a competitividade logística paranaense. Em setembro, um encontro no Sistema Fiep reuniu todos esses representantes para apresentar o potencial de movimentação de cargas dos Portos do Paraná. “Hoje nosso custo logístico é maior do que o dos concorrentes. Os novos terminais privados vão dar uma alavancagem muito grande, e a combinação entre investimentos públicos e privados gera uma concorrência positiva, porque para crescer precisamos pensar nas próximas décadas”, analisa o consultor Luiz Dividino. O vice-presidente do Sistema Fiep e coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura, Edson Vasconcelos, destaca a importância do trabalho conjunto realizado por todas as instituições: “Vamos mostrar a capacidade que o Paraná tem de receber as cargas, atendendo outros estados e países, e dar um exemplo ao Brasil, de que a união é fundamental para chegar a um objetivo comum”.

 

Fonte: G1

Foto: Gelson Bampi

Paraná vai se tornar hub logístico com ampliação de ferrovias e portos