Publicado em: 20/08/2024
Pronta desde 2023, a Ponte da Integração que liga Foz do Iguaçu, no Paraná, a Presidente Franco, no Paraguai, está parada e sem uso. O atraso nas obras de acesso tanto no lado brasileiro como no paraguaio inviabiliza a circulação de carros e caminhões na região fronteiriça mais movimentada do País.
Responsável pela administração e fiscalização da obra da Ponte da Integração, o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER) afirma que no lado brasileiro ainda precisam ser concluídas a rodovia de acesso à ponte, com 14,7 quilômetros, e duas aduanas: Brasil-Paraguai e Brasil-Argentina. No Paraguai, também é necessário finalizar as obras de acesso.
Enquanto isso, outra ponte entre os dois países é construída para interligar a cidade de Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, e a paraguaia Carmelo Peralta. Hoje com 60% das obras concluídas, essa ligação é chamada de Ponte Bioceânica e deverá ficar pronta em novembro de 2025, segundo o governo brasileiro.
A nova ponte no Paraná é aguardada há mais de três décadas com a expectativa de aliviar o trânsito caótico da Ponte da Amizade, na fronteira entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este. A nova estrutura custará R$ 374 milhões quando entregue.
Desse valor, R$ 238 milhões correspondem à estrutura da ponte em si e outros R$ 136 milhões referem-se às obras de acesso - aduana e rodovia perimetral no lado brasileiro - que não estão prontas. A obra é uma parceria entre os governos federal, do Paraná e a Itaipu Binacional.
Com 760 metros de comprimento e vão livre de 470 metros, a ponte tem duas pistas, cabos estaiados e um mastro principal de 190 metros no lado brasileiro, o que corresponde a um prédio de 63 andares.
O descompasso na entrega da ponte e das obras de acesso é o que inviabiliza liberação do trânsito na via. Enquanto a construção da ponte fluiu sem contratempo a partir de 2019, a infraestrutura de rodovias e aduanas, tanto no Brasil quanto no Paraguai, demorou para sair do papel.
Apesar de o contrato para as obras de acesso ter sido firmado em 2019 no lado brasileiro, o consórcio responsável pelas obras, JL/Planaterra/Iguatemi, que não é o mesmo da execução da ponte, fez um pedido de reequilíbrio econômico-financeiro, alegando prejuízos causados pela pandemia, alterações contratuais e novas soluções de engenharia necessárias. Um acordo para prosseguir os trabalhos foi homologado em dezembro de 2023.
Diretor presidente da Construtora JL, que integra o consórcio, João Luiz Félix explica que o prazo contratual para o término das obras é no final de 2025. Ele diz que várias questões implicaram no atraso das obras, iniciadas em 2021, incluindo desapropriações novos viadutos que não estavam previstos na rodovia perimetral e concessão de licença ambiental. “Tivemos de fazer o projeto executivo e aprovar todos. Veio a pandemia e estourou os preços”, afirma.
Outro problema foi em relação ao projeto original que inicialmente previa aduanas apenas para a passagem de caminhões. Os planos mudaram e as aduanas precisaram ser ampliadas para receber carros pequenos, o que também implicou em alteração no projeto.
Balanço divulgado pelo governo do Paraná no mês passado apontou que a execução da Perimetral Leste estava em 32,4%. A construção das estruturas das duas aduanas, também conforme o governo paranaense, está com 26% das obras previstas finalizadas.
No Paraguai, o gargalo é ainda maior porque, além da conclusão da aduana, é preciso construir uma ponte de 500 metros sobre o Rio Monday, em Presidente Franco, cujas obras estão iniciando só agora.
“Presidente Franco não está preparada para circulação de caminhões. Não há rodovia duplicada”, diz o presidente do Conselho de Desenvolvimento de Presidente Franco (Codefran), Ivan Leguizamón.