Publicado em: 17/10/2023
Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran),
foram registradas 30.168.458 multas aplicadas por excesso de velocidade em todo
território nacional em 2022. Os números registrados refletem consideravelmente
nas operações do setor de transporte rodoviário de cargas.
Levando em consideração o fato de que o transporte RODOVIáRIO de cargas (TRC) é responsável pelo
transporte de 65% das mercadorias do Brasil, a movimentação dos caminhões
acontece majoritariamente pelas principais rodovias do país.
Assim, é comum que as principais multas sejam registradas de
acordo com as frotas das empresas do segmento. Marcel Zorzin, diretor
operacional da Zorzin Logística – empresa com principal atividade no transporte
de produtos químicos –, destaca a importância de a organização estar
acompanhando de perto essa questão junto aos motoristas para minimizar os
impactos.
“Atualmente, realizamos diálogos semanais de segurança, todas
as segundas-feiras, abordando temas recorrentes como a questão da velocidade.
Sempre destacamos a importância do treinamento em direção defensiva obrigatória
para todos os motoristas devido à natureza química da nossa carga. Nosso limite
de velocidade é de 80 km/h, e buscamos equilibrar a segurança com os desafios
enfrentados pelas estradas, onde outros veículos frequentemente ultrapassam
esse limite”.
De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran),
a infração referente ao excesso de velocidade de naturezas média e grave ocupa
respectivamente a primeira e a segunda posição na lista de infrações mais
cometidas pelas frotas empresariais no Brasil, o que é uma preocupação para os
gestores empresariais que lidam diretamente com a verificação de seus veículos.
“As consequências do excesso de velocidade são monitoradas
via telemetria em todos os veículos, permitindo um fechamento mensal com
análise de freadas bruscas, força G e excessos de velocidade. Quando
identificamos infrações, entramos em contato com os motoristas, fornecendo
feedback e alertas sobre a importância da segurança. Ultrapassar 90 km/h
resulta em perda de pontuação interna, advertências por escrito e outras
medidas disciplinares”, destaca Marcel sobre as atitudes tomadas na Zorzin
Logística.
Além disso, os métodos utilizados em operações em outros
países vêm ganhando destaque, o que pode ser o diferencial para uma segurança
maior. Na Alemanha, por exemplo, aplicativos que informam a presença de radares
são proibidos, o que causa uma preocupação maior por parte dos motoristas.
Para Marcel, as abordagens realizadas em outros territórios
podem servir de exemplo: “Ao comparar as práticas em outros países, um sistema
eficaz de variação de velocidade nas estradas pode ser mais seguro do que
limites fixos. Se pegarmos o exemplo da França, onde as placas indicam
variações de velocidade nas estradas e nas saídas de vias, a abordagem parece
ser diferente”, destaca o executivo.
Trazendo ao contexto brasileiro, além da falta de
infraestrutura nas estradas, há críticas sobre a falta de fiscalização adotadas
pelas autoridades, já que estudos mostram que houve diminuição de multas
aplicadas pela Polícia Rodoviária Federal nos últimos anos.
Na visão de Marcel, é preciso haver um olhar clínico sobre
essas questões: “O respeito às leis de trânsito muitas vezes é negligenciado, e
a abordagem punitiva, como multas, não é o suficiente. Precisa haver uma
revisão maior da infraestrutura, incluindo sinalizações eficientes, algo
crucial para melhorar a segurança. Além disso, a gestão do tráfego, como a
sincronização de semáforos, deve ser aprimorada para evitar situações
frustrantes, como espera prolongada em cruzamentos vazios”.
Essa avaliação de um cenário melhor nas rodovias passa por
uma parceria maior entre as lideranças do setor, juntamente com as
governamentais, para que tragam um planejamento mais assertivo na busca do
aperfeiçoamento da condução dos usuários nas vias, levando à reeducação no
processo das pessoas.
“Reconheço que o desafio no Brasil vai muito além da
velocidade; é necessário um esforço educativo mais abrangente. Nós como
empresas fazemos nossa parte com treinamentos e ensinamentos para melhorar a
segurança nas estradas. Porém, um planejamento governamental com ênfase inicial
na educação, desde a infância até a idade adulta das pessoas, pode ser um ponto
de partida para um trânsito melhor e com menos riscos para a população”,
finaliza o empresário.
Fonte: Blog do Caminhoneiro/ Foto: Reprodução
