Publicado em: 01/08/2022
O setor automotivo tem mostrado força de retomada e evolução
em 2022. No cenário nacional, para o triênio 2022-2025, a Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) declarou que a tendência é de
movimentos positivos em toda a cadeia automotiva. No Paraná, três grandes
empresas automobilísticas – Renault, Volvo e Audi – anunciaram novos
investimentos, que têm impacto direto na evolução da indústria e na economia do
estado.
Como explica Marcelo Alves, economista do Sistema Fiep, o
Paraná vem ganhando em participação e protagonismo ao longo dos anos no
segmento. No estado, estão instaladas indústrias de todos os níveis de
fornecimento da cadeia automotiva. Para se ter uma ideia da evolução, de acordo
com um levantamento da Fiep, entre 1990 e 2019, o número de veículos produzidos
aumentou 97 vezes: passou de 4,5 mil unidades em um ano para 442,7 mil e chegou
ao patamar de 2º maior fabricante do país de automóveis, caminhões e picapes.
Em 2020, assim como quase todos os setores, o automotivo
sentiu consideravelmente o impacto da pandemia. A recuperação, em nível
nacional, começou no 4º trimestre e continuou no ano seguinte, com algumas
paradas devido à falta de insumos, principalmente de semicondutores, que são
utilizados para a condução de correntes elétricas e continuam com oferta
considerada escassa.
Já em 2022, passou a ter resultados mais relevantes e tem
apresentado recuperação na produtividade. Segundo balanço da Anfavea, a
produção de veículos cresceu 6,8% em maio na comparação com o mesmo mês de
2021. Foram fabricadas 205,9 mil unidades, o que também representa um aumento
de 10,7% em relação a abril. Em junho, houve uma pequena queda de 4,8% na
comparação com maio e de 2,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com isso, a expectativa atualizada da Associação é fechar o
ano com 2,34 milhões de unidades, alta de 4,1% sobre 2021. Para vendas
internas, deve chegar a 2,14 milhões de autoveículos licenciados, crescimento
de 1%. A expectativa para exportação é de 460 mil unidades embarcadas até o fim
do ano, o que representa uma alta considerável: 22,2% em relação ao ano
anterior.
Investimentos no setor automotivo do PR
Atento às necessidades e às
tendências do setor no estado, o Sistema Fiep tem estruturado uma série de
iniciativas de apoio ao seu desenvolvimento. O Conselho Setorial Automotivo da instituição é responsável por avaliar e debater
as questões atuais de novas tecnologias para proporcionar à cadeia automotiva
conhecimento e pré-disposição para projetos inovadores que estão por vir, a partir da participação de
especialistas público-privados. Esse trabalho contribui diretamente com os
avanços e um exemplo deles são os investimentos recentemente anunciados por
Audi, Volvo e Renault, que já estão instaladas no estado.
“Estas
empresas europeias avançam em novas tecnologias e a chegada desses novos
investimentos no Brasil trazem novidades que fazem a Fiep refletir sobre como
se preparar para o futuro, contando com a ótima estrutura existente, material e
pessoal”, comenta Carlos de Paula,
membro do Conselho e coordenador de Direção de Relações Institucionais e
Governamentais da Renault do Brasil.
Renault
Produzindo no Brasil há mais de
23 anos, a Renault do Brasil conta com quatro fábricas no complexo Ayrton
Senna, em São José dos Pinhais (PR): a de veículos de passeio (CVP), a de
comerciais leves (CVU), a de motores (CMO), além da fábrica de injeção de
alumínio (CIA). No final de junho, a empresa anunciou que vai investir R$ 2
bilhões na fábrica de São José dos Pinhais (PR). O valor será aplicado para a
produção de uma nova plataforma, a CMF-B, a qual permite a chegada de novos
produtos no futuro, de um novo SUV e de um novo motor 1.0 turbo no Complexo
Industrial Ayrton Senna.
“Com este
anúncio de investimentos, o Renault Group reafirma a importância estratégica do
mercado brasileiro para o grupo. Estamos preparando o futuro com a chegada de
novos produtos, que irão atender o mercado interno e também exportação”, afirma Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil.
Audi
Após um breve período de interrupção
para atualização do portfólio de modelos, que exigiu adaptação e atualização, a
Audi anunciou um investimento de R$ 100 milhões para retomar a produção de
veículos na fábrica de São José dos Pinhais (PR). A expectativa é de geração de
200 postos de trabalho, entre diretos e indiretos, quando a fábrica estiver
operando com capacidade integral. Neste primeiro momento, está com 1/3 da
capacidade.
“Nós
investimos na atualização e modernização da linha de produção dos novos Q3 na
fábrica para a produção dos veículos em regime Semi Knock Down (SKD), um modelo
de produção extremamente eficiente e tecnológico, focado em mercados de baixo
volume e altamente utilizado mundialmente, sobretudo em segmentos de veículos
premium, para os quais é desafiador encontrar fornecedores locais para veículos
com baixo volume de produção e características tão específicas”, explica Antônio Calcagnotto, responsável por assuntos
institucionais e Sustentabilidade na Audi do Brasil.
Volvo
A Volvo divulgou o investimento
de R$1,5 bilhão na fábrica instalada em Curitiba (PR), para o desenvolvimento
de novos produtos e serviços, nos segmentos de caminhões, ônibus, equipamentos
de construção, motores marítimos e industriais, além de serviços financeiros,
no período de 2022 a 2025. Há anos, a Volvo é líder no mercado brasileiro de
caminhões pesados e seu modelo FH 540 é o caminhão mais vendido do Brasil,
dentro de todas as categorias e marcas do mercado. Atualmente, a empresa tem um
quadro de 4.300 colaboradores diretos – maior que antes da pandemia.
Por que escolher o Paraná
Alguns fatores que viabilizam
a escolha dessas empresas pelo Paraná são:
·
Estabilidade
econômica;
·
Segurança jurídica;
·
Presença de
programas de incentivo, como o Paraná Competitivo;
·
Mão de obra
qualificada;
·
Localização
estratégica;
·
Investimentos em
pesquisa e desenvolvimento;
·
Forte presença de
energias renováveis;
·
Infraestrutura
portuária favorável;
·
Atmosfera de inovação e tecnologia.
“O Paraná
é um parceiro fundamental no desafio diário de nos tornarmos globalmente competitivos.
A cada novo investimento, temos uma resposta positiva do estado, fator
preponderante na aprovação de novos investimentos. Tem sido um ciclo virtuoso”, pontua Alexandre Parker, diretor de Assuntos
Corporativos da Volvo.
Novas oportunidades
Além desses investimentos, as
novidades que impulsionam o setor também são motivadas por obstáculos vividos
pela cadeia global, que têm sido transformados em oportunidades para o setor no
Paraná. Foram diversos desafios nos últimos anos, como pandemia, eventos
climáticas em diferentes locais do planeta e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia.
Esse conjunto desfavorável para
o todo faz surgir necessidades e, com elas, novas chances de negócios. Nesse
sentido, a indústria nacional tem estudado a possibilidade de produzir
localmente componentes importados que tiveram o fornecimento prejudicado, a
partir do que pode ser viável, como chicotes elétricos produzidos no Paraná.
Neste ano, até o mês de junho, o
setor automotivo já está na quinta posição em relação aos produtos paranaenses
exportados. Os principais destinos são Argentina, Colômbia e México. Contudo,
devido ao contexto global e às mudanças de fornecimento por questões
geopolíticas, existem boas expectativas de melhorias e maior volume nas
negociações com outros mercados consumidores, como os Estados Unidos,
impulsionadas pelo fator da guerra e também pelo pelos lockdowns adotados pelo
governo chinês, que provocam graves problemas de logística.
Além disso, como destaca o
economista da Fiep Marcelo Alves, de acordo com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), há mudanças globais que impactam
esse cenário no quesito sustentabilidade, uma vez que é preciso oferecer
respostas satisfatórias aos efeitos das mudanças climáticas e de segurança
energética. Esse também é um dos direcionamentos do investimento anunciado pela
Volvo, que prevê novos produtos e serviços, com foco na
sustentabilidade/descarbonização, conectividade e digitalização.
Fonte: G1 – Sistema FIEP /
Foto: AdobeStock