Publicado em: 27/10/2022
A venda de caminhões fechará 2022 com cerca de 130 mil
unidades, um bom resultado como em 2021. E, como em outros anos, os modelos do
segmento pesado, com peso bruto total combinado (PBTC) igual ou maior do que 40
toneladas, continuam dominando o mercado local, com 50% dos licenciamentos no
acumulado até setembro. Assim, os caminhões maiores e mais caros, por volta de
R$ 1 milhão, são também os mais vendidos.
E os semipesados (com PBTC abaixo de 40 toneladas) vêm em
seguida, com 26,5% de participação, de acordo com os números divulgados pela
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “Esses
caminhões costumam fazer trechos de longa distância, como os do interior do
País para os portos. Quem transporta busca eficiência. E o valor do veículo se
dilui pela maior capacidade da carga transportada”, afirma Gustavo Bonini,
vice-presidente da Anfavea.
De acordo com executivo, o agronegócio gera maior demanda
por caminhões de grande porte. Mas mineração e produtos industrializados que
circulam entre os grandes centros de distribuição também demandam modelos
pesados. “São itens importados ou produtos da linha branca [como geladeiras,
lavadoras e fogões]. Quem investe em caminhões desse tipo pensa na eficiência de
um único veículo capaz de realizar o trabalho de vários. Essa é a maneira de
tornar o transporte mais barato, pela combinação de alta capacidade em peso e
volume.”
Veículos de apoio
Felipe Alva, supervisor de marketing do produto da
Volkswagen Caminhões e Ônibus, detalha o sucesso dos caminhões semipesados na
montadora. “Além de fazerem uma segunda onda de distribuição dos portos para as
indústrias, também são utilizados como veículos de apoio em usinas, mineradoras
ou mesmo distribuição de materiais intermunicipais. Ainda dentro dessa
categoria, temos os vocacionais, que fazem operações na construção civil
[betoneira ou caçamba para movimentação de terra], coleta de resíduos e
tanques, entre outros.”
Ricardo Barion, diretor comercial da Iveco, afirma que os
semipesados da marca são bastante requisitados “para o transporte de cargas do
campo para as cidades, principalmente para os ‘ceasas’ [centros de
abastecimento], além das operações de apoio, como veículos-tanque [água,
combustível] ou transporte de equipamentos”.
Alan Holzmann, diretor de estratégia de produto da Volvo,
recorda que a tradição dos grandes caminhões no País vem desde os FNMs, que
surgiram na metade do século passado. “Também houve um crescimento do
agronegócio nos anos 1970, e o vetor desse desenvolvimento foi a aplicação
rodoviária, já que as ferrovias não foram adiante.”
Holzmann confirma a necessidade de ganho de eficiência por
tonelada transportada. “Essa matriz rodoviária demanda, cada vez mais,
caminhões pesados. E, nas aplicações fora de estrada [como transporte de
cana-de-açúcar, mineração e construção civil], também, há essa busca por causa
eficiência.” Pertence à Volvo o caminhão pesado mais vendido no País, o FH 540,
com 14 mil unidades, de janeiro a setembro.
Clientes em
diferentes áreas
O executivo da Volvo afirma que as transportadoras estão
muito profissionalizadas e têm grande foco na produtividade, seja para o
transporte de grãos, seja para logística geral. “A aquisição desses caminhões é
muito baseada no TCO”, diz, referindo-se à sigla, em inglês, para custo total
de propriedade do veículo.
Para Bonini, da Anfavea, há mineradoras, fazendeiros e
também caminhoneiros autônomos comprando veículos novos de grande porte.
“Muitos desses motoristas se especializam em algumas rotas e precisam de um
caminhão com boa capacidade de carga.”
Vale dizer que a demanda do agronegócio vai além de soja,
milho ou cana. Inclui também transporte de madeira e de proteína animal,
sobretudo pelos frigoríficos, que, da mesma forma, envolve longos trajetos do
produtor aos grandes centros ou portos com destino ao exterior.
Outros mercados da
região
De acordo com Ricardo Barion, o mercado latino, para a
Iveco, é semelhante ao do Brasil. Para Alan Holzmann, da Volvo, a demanda
predominante na Argentina é por modelos menos potentes do que no Brasil. “Já o
mercado chileno requer produtos mais sofisticados.”
Para Felipe Alva, da Volkswagen, os números da América
Latina apontam leve tendência de crescimento para os modelos de grande porte,
mas reforça que a concentração no mercado de pesados é um fenômeno muito forte
no Brasil por causa da extensão territorial.
Comércio eletrônico e
veículos menores
De acordo com os números da Anfavea, os caminhões semileves
(para 3,5 a 6 toneladas), leves (de 6 a 10 toneladas) e médios (de 10 a 15
toneladas) também apresentam desempenho de mercado semelhante ao anotado de
janeiro a setembro de 2021. “O comércio eletrônico puxa as vendas em todos os
segmentos. Hoje, é comum a entrega no mesmo dia de um pedido feito pela
internet, e isso só é possível com modelos capazes de circular sem restrições”,
conclui Gustavo Bonini.
Fonte: Estadão / Foto: Divulgação/Volvo
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