Publicado em: 02/08/2022
Prevista para ocorrer agora em setembro, o leilão que entregará
a iniciativa privada a concessão de diversas rodovias que cruzam o Paraná está
dividido em seis lotes, sendo que pelo menos um deles fez com que técnicos das
secretarias municipais de Planejamento e Obras Públicas de Araucária ficassem
com algumas “pulgas atrás das orelhas”.
O lote que interessa diretamente
aos moradores de Araucária é o de número um, que inclui as
BR-277/373/376/476/PR e as PR-418/423/427. A novidade no lote começa já com a
previsão de que, além da BR-476, que já tinha um trecho sob concessão no
contrato passado, a PR-423, que liga Araucária a Campo Largo, também será
concedida.
O lote um contempla 473,01
quilômetros de extensão de rodovias que serão entregues a iniciativa privada,
sendo que os estudos que embasarão o edital do certame já incluem as melhorias
que ficarão sob a responsabilidade das concessionárias. Até porque, sem essa
informação, os grupos interessados em administrar essas vias não teriam
condições de elaborar uma proposta para participar do leilão, que terá como critério
menor tarifa. Ou seja, vencerá quem se dispuser a cobrar do usuário a menor
tarifa nas praças de pedágio.
Embora o edital ainda não tenha
sido publicado, os estudos já foram realizados e principalmente no que diz
respeito as intervenções que serão executadas na PR-423, os documentos a que
tiveram acesso os técnicos das secretarias de Planejamento e Obras Públicas
teriam trazido uma série de dúvidas sobre a obra. “O projeto que nos foi
apresentado preocupa porque não prevê uma série de acessos existentes
atualmente ao longo da PR-423. Logo, se executado do jeito que nos foi
apresentado em reunião no DER (Departamento de Estradas e Rodagens do Paraná),
mudará radicalmente o modo como nossa população acessa a rodovia”, pontua o
secretário de Planejamento, Samuel Almeida da Silva.
Segundo o superintendente de
projetos da Secretaria de Planejamento, Lauri Lenz, é preciso entender que o
todas as obras de intervenção na PR-423 e BR-476 acontecerão em razão da
execução da terceira faixa no Contorno Sul e a implantação de suas marginais.
“Assim, haverá a separação do tráfego rodoviário do tráfego urbano. As
marginais no Contorno Sul irão absorver o tráfego urbano, e o contorno em si
ficaria sem acesso, permitindo um trânsito mais livre”, explica.
Porém, para que essa bem vinda
obra de melhoria de tráfego para a região metropolitana de Curitiba aconteça
será necessário – antes – a duplicação da PR-423 e a implantação das faixas
adicionais nos dois sentidos da BR-476, isto no trecho compreendido entre a
PR-423 e o Contorno Sul.
Assim, embora a execução das
obras dentro da concessão estejam divididas ao longo de três décadas, as que
afetarão o dia a dia do araucariense devem ser executadas já numa primeira
etapa pela concessionária que levar o lote um, muito possivelmente até o
terceiro ano da concessão. “Daí nossa decisão de, tão logo que tivemos essa
reunião no DER, oficiar aos órgãos responsáveis pela concessão indagando-os
sobre essas alterações, principalmente na PR-423” explica Samuel.
Dentre os questionamentos, por
exemplo, está o fato de que, no trecho urbano da PR-423 que compreende
Araucária, não ter sido previsto a implantação de marginais, o que fará com a
via privilegie o tráfego rodoviário em detrimento do acesso e circulação
daqueles moradores e comércios instalados há décadas no entorno da estrada.
Só para se ter uma ideia, no
trecho urbano da PR-423 estão previstos apenas dois pontos de acesso: um
desnível com acesso pela Avenida das Nações (onde atualmente já é possível o
cruzamento) e outros acesso na altura da Gerdau, todos feitos por meio da
construção de viadutos ou trincheiras. No projeto, inclusive, o próprio acesso
à empresa Gerdau está fechado, bem como a “tradicional” rótula do monumento do
parafuso.
Outra preocupação é que ao longo
do trecho rural da PR-423 foram previstos apenas dois retornos. Isto numa
extensão que compreende doze quilômetros de pista. Assim, todos aqueles
moradores que moram em localidades como Colônia Cristina, Guajuvira, Campina
das Pedras, Rio Verde Acima, teriam que acessar a rodovia – dependendo para
onde estariam querendo ir – e dirigir até encontrar um retorno. “Vamos aguardar
agora o retorno dessas nossas solicitações de esclarecimentos, para que
possamos resolver essas situações antes de que qualquer intervenção na rodovia
aconteça”, finaliza Samuel.
Fonte: O Popular
PR / Foto: Marco Charneski