Publicado em: 18/01/2022
Uma pesquisa publicada
durante dezembro de 2021 pelo Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea) indicou uma tendência de aumentos na cotação do preço do
trigo, observada no ano passado, e que continua em 2022. De acordo com o Cepea,
a saca de 60 kg foi avaliada em R $1.679,98, uma alta de 1,05% em relação a
dezembro, quando houve um crescimento de 2,17%.
O mesmo aconteceu com outros grãos. A Associação
Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) publicou, no dia 14, a informação
de que o Brasil encerrou o ano passado com recorde nas exportações de soja:
86,63 milhões de toneladas. A produtividade também cresceu: 137,1 milhões de
toneladas, o que promoveu um aumento de 6% no comércio exterior, crescimento
que também gera maior demanda de transporte rodoviário, ferroviário e marítimo
de grãos.
De acordo com Diego Nazari, diretor de
desenvolvimento de novos negócios da Rodovico Transportes, presidente da
Associação de Cascavel de Skate (ACSKT) e diretor comercial do Sindicato de
Empresas do Transporte de Cargas e Logística do Oeste do Paraná (Sintropar), em
2021, as transportadoras brasileiras sustentaram as suas atividades em parte
devido ao aumento do frete da safra de soja. “Os resultados superaram todas as
nossas expectativas. Tivemos um pico de alta na demanda por cereais para
suprimir os estoques de alimentos de outros países, sobretudo na China e nos EUA”,
afirma Diego.
“A procura nas indústrias nacionais também se
manteve constante para não parar o fluxo de produção. Isso fez com que o
orçamento dos nossos clientes estourasse, e o transporte rodoviário de cargas
(TRC) se beneficiou desse contexto. Aproveitamos a situação para diminuir os
impactos com os aumentos dos combustíveis, dos pneus, da compra de peças, da
manutenção da frota etc.”, complementa o empresário.
Em primeiro lugar ficou o Rio Grande do Sul (RS),
cujos agricultores recolheram 3,4 milhões de toneladas, aumento de 61,88% em
comparação ao ano passado. O Paraná, onde a Rodovico atua, ficou em segundo
lugar no volume de produção de trigo do país. Segundo o Departamento de
Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e de Abastecimento do
Paraná, o estado teve uma colheita de 3,2 milhões de toneladas. O dólar elevado
e o aumento do consumo das famílias brasileiras, ocasionado pelo auxílio
emergencial, assim como o retorno da economia em outros continentes,
contribuíram para o resultado.
Na visão de Diego, não há como separar o
agronegócio da alimentação e do cotidiano dos brasileiros. “Quando penso em
agro, imagino logo uma mesa de refeição com familiares sentados para comer pão ou macarrão, ou para beber uma cerveja com os amigos no final de semana.
Felizmente, o Brasil tem um clima favorável, solos férteis e um ecossistema
diverso, principalmente na região Sul. Se combinarmos essa vantagem com
melhores condições para a atuação das transportadoras, teremos a combinação
ideal para desenvolver o país”, explica o diretor do Sintropar.
Contudo, o empresário acredita que ainda existem
muitos entraves para o agronegócio crescer. O sistema tributário do País nas
esferas estadual e federal dificulta a realização dos contratos, e o segmento
segue procedimentos que diminuem a sua eficiência. O TRC busca solucionar parte
dessas dificuldades por meio de tecnologias que facilitam na contratação do
frete e inserem o setor na nova realidade do e-commerce.
A Rodovico Transportes, por exemplo, conta desde
2011 com o auxílio de marketplaces em suas operações para a identificação de
ofertas e demandas de cargas agrícolas em suas regiões de trabalho. Desde
então, a contratação do frete, que era feita de forma manual, tornou-se 100%
digital. Etapas de documentação foram reduzidas e o encontro de motoristas nas
regiões próximas ao local de embarque, facilitado.
“A necessidade de colocar alimento na mesa dos
brasileiros sempre existirá, o que significa que o transporte rodoviário de
cargas não deixará de ter trabalho. Porém, não podemos deixar de olhar para os
erros do setor e procurar maneiras de melhorar. Encontramos formas inteligentes
de operar, buscando soluções para problemas que afetam o mercado há anos sem
deixarmos de estar alinhados com o que há de novo no cenário da logística”,
finaliza Diego.
Fonte: Transporte Mundial