Publicado em: 17/05/2022
A indústria
automotiva do Paraná encerrou o ano de 2021 com crescimento de 9% sobre o ano
anterior, registrando seu melhor resultado em 10 anos, superado apenas pela
alta de 2011, quando se desenvolveu 11,2% em relação ao mesmo período do ano
antecessor.
Além disso, o
Paraná manteve os números positivos entre janeiro e fevereiro, tendo um aumento
de 1,3% na produção industrial em relação ao primeiro mês do ano, fazendo com
que o Estado ficasse na 8ª posição no comparativo com 15 regiões analisadas
pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), ultrapassando a média nacional, de 0,7%
de crescimento.
Entre os
Estados vizinhos, o Paraná também se destacou, visto que Santa Catarina e São
Paulo registraram crescimento de 1,1%, percentual 0,2% menor do que o
paranaense.
Segundo Thiago
Quadros, economista da Fiep (Federação
das Indústrias do Estado do Paraná), em 2021, a indústria foi o setor que mais
contribuiu para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Paraná.
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Os dados foram
apontados pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e
Social), relatando que o PIB do Paraná cresceu cerca de 3% e que a indústria
foi responsável por aproximadamente 9% desse avanço, mesmo tendo sido
prejudicada durante o período da pandemia.
O crescimento
da produção de máquinas para colheita, tratores agrícolas, caminhões e automóveis foram os
principais responsáveis por esse expressivo percentual, que fez com que o Governo e os
empresários da região começassem a dar ainda mais atenção para o segmento.
Dia 19 de
abril, o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro anunciou que Curitiba
receberá um empreendimento focado em desenvolver soluções inovadoras para
atender as demandas do setor automotivo: o Parque Tecnológico 4.0 da Indústria
Automotiva, que deve ser instalado no Campus da Indústria do Sistema Fiep, no
bairro Jardim Botânico, onde já estão localizados a Faculdade das Indústrias, a
Aceleradora do Sistema Fiep, o Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica, o
Centro de Inovação Sesi, o Instituto Senai de Tecnologia, o Instituto de
Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) e a Fundação Araucária.
O objetivo da
instalação está totalmente alinhado ao conceito do Vale do Pinhão, que é uma
iniciativa concentrada em desenvolver um ecossistema de inovação para
desenvolver a capital economicamente, de forma sustentável.
“O Parque
Tecnológico da Indústria Automotiva vai poder contar com o apoio do município e
com toda a diversidade do Vale do Pinhão, formado por empreendedores, startups,
aceleradoras, universidades, o setor industrial, entidades de fomento e empresas
de economia criativa”, reforçou o prefeito de Curitiba.
Cultura da
inovação
Muito mais do
que querer fabricar e vender carros que sejam bem aceitos e se tornem líderes
de vendas, as montadoras e marcas querem estar vinculadas à inovação, oferecer
aquilo que ainda nem é imaginado pela grande maioria das pessoas, e para isso,
é preciso contar com gente de mentalidade jovem, disruptiva, capaz de acreditar
em coisas que estão muito além do óbvio.
Segundo
Fabrício Lopes, gerente de Inovação da Fiep, o Instituto Senai de Inovação em
Eletroquímica e a BMW do Brasil já estão se preparando para iniciar um processo
inédito de reciclagem de baterias para carros elétricos no país, através de uma
planta-piloto, que será vinculada a projetos de pesquisa aplicada que já foram
realizados pelo Senai em parceria com a Bosch e a Renault.
É desse tipo de
inovação que está sendo falado. E não para por aí.
A China Three
Gorges Corporation (CTGC), companhia asiática gigantesca, responsável pela
operação da maior hidrelétrica do mundo (Três Gargantas) também se envolveu em
uma parceria com o Senai Paraná, a fim de desenvolver supercapacitores para
usinas hidrelétricas, e engana-se quem pensa que isso não tem relação com a
indústria dos automóveis.
Segundo Lopes,
“esta tecnologia poderá ser também aplicada para resolver o problema de tempo
de uso de baterias em veículos elétricos”, ou seja, tudo está conectado, e essa
interligação pode transformar o Paraná em uma referência de desenvolvimento
científico e tecnológico no segmento automotivo, principalmente quando são
levadas em conta as principais tendências do setor e as atitudes que o Estado
tem tomado para se posicionar diante delas.
Houve, durante
a pandemia, um problema sério na cadeia de suprimentos, mostrando que a
inovação não é mais um simples diferencial, mas uma necessidade. Tanto que a
falta de insumos só deve ser equalizada em 2023 e, durante todo o ano de 2022,
o Brasil ainda deve passar por grandes desafios logísticos, como a falta de
containers para transporte de carga, mostrando que, apesar de termos uma
indústria desenvolvida, estamos distantes do cenário ideal.
A venda de
seminovos deve continuar crescendo, obrigando as montadoras a oferecerem cada
vez mais novidades e recursos em seus automóveis e fazendo com que eles se
tornem cada vez mais inteligentes e conectados, sendo capazes de justificar
investimentos financeiros mais altos por parte dos compradores.
Paralelo a
isso, trata-se de uma questão [pouco] tempo para que os carros populares
desapareçam e até os modelos chamados de “carros de entrada” sejam mais caros,
por contarem com maior tecnologia e inteligência artificial.
Olhar para o
futuro não é algo complexo, mas se adequar a ele custa caro e exige muito
planejamento por parte da iniciativa privada e governamental.
O Estado do
Paraná tem conseguido se posicionar positivamente diante do cenário, mesmo em
uma fase onde algumas das principais fábricas e montadoras do país encerraram
suas atividades.
Os novos ventos
da inovação e da tecnologia estão cada vez mais fortes no Sul do país e
espera-se que esse movimento continue refletindo positivamente, não apenas no
PIB do Estado, mas na geração de empregos e na melhoria da educação técnica e
científica do país.
Fonte: Tn Online /
Foto: divulgação/Pixabay