Publicado em: 23/07/2024

O Paraná é um dos estados brasileiros onde o agronegócio tem maior impacto na economia, mas o setor de serviços é que deve ser o responsável por elevar o PIB (Produto Interno Bruto) acima da média nacional em 2024. Enquanto estimativas apontam um crescimento de 2% para o PIB brasileiro, no Estado a alta prevista é de 2,2%. As projeções fazem parte de um estudo elaborado por economistas do Banco Santander, que indica avanço de 3,5% no setor de serviços no Paraná em relação ao ano passado.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o PIB do setor de serviços representa 61,6% da economia paranaense, seguido de longe pela indústria, com 27,2%, e o agro, com 10,7%.

Serviços é o setor que mais contrata no Estado. Segundo os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego, entre os 96.019 postos de trabalho formais acumulados neste ano no Paraná, quase a metade foi gerada em empresas do setor, totalizando 52.437 empregos com carteira assinada entre janeiro e maio, o que corresponde a 45,38% do total. A indústria contratou 22.905 trabalhadores, a construção civil, 11.389, o comércio, 8.063, e a agropecuária, 1.227.

Os dados do PIB de 2023 ainda não estão disponíveis, mas os economistas acreditam que após a quebra em parte das safras de verão em 2022, a Região Sul deve ter apresentado forte recuperação no ano passado e as perspectivas para este ano são de arrefecimento no crescimento, apesar de ainda manter o alto volume da produção agrícola. As cheias no Rio Grande do Sul também devem impactar negativamente o setor no Sul do país neste ano, mas a partir do ano que vem, o estado gaúcho volta a crescer.

Após a forte expansão de 2023, que resultou em um salto de 33%, o PIB agropecuário paranaense tende a apresentar números menores neste ano, com recuo de 2%. “A devolução de parte dos fortes ganhos da safra de 2023 tende a impactar o PIB do estado, em 2024. Os resultados do Paraná também têm apontado maior volatilidade, em parte como consequência de seguidos problemas climáticos”, aponta o economista Gabriel Couto que, junto com os economistas Rodolfo Pavan e Henrique Danyi, elaborou o levantamento do Santander.

O PIB industrial do Estado deve crescer, mas em menor ritmo, similar ao do ano anterior. A projeção para 2023 foi de 1,3% e para este ano é de 1%. Já para 2025 o movimento de crescimento tende a ser mais representativo, chegando a um aumento de 2,3%.

Londrina

A evolução do emprego, acompanhada pelo Caged, constitui uma boa métrica para a comparação entre o crescimento do PIB do Paraná e o de Londrina, apontou o economista Marcos Rambalducci. A alta dos empregos tem como propósito o aumento da produção, medida pelo PIB. “É mais interessante observar a evolução do emprego formal, aquele com carteira assinada. Isto porque ele está mais diretamente ligado ao setor produtivo oficial da economia, que é a principal informação para a construção do indicador PIB”, explicou. “Há uma relação direta entre a variação do emprego formal a variação no PIB.”

O economista destacou ainda a maior produtividade da indústria manufatureira por trabalhador em razão de uma série de fatores que inclui ganhos de escala, automação e padronização. “De forma conservadora, a mão de obra na indústria é 1,3 vez mais eficiente em termos de produção que os demais setores.”

Observando a distribuição do emprego formal no Paraná, entre janeiro e maio deste ano a indústria cresceu 3,0%, o comércio, 1,1%, e serviços, 3,9%. “Na média, o crescimento foi de 3,1% nos empregos e o aumento no PIB aponta para um crescimento de 2,5%”, avaliou o economista.

Londrina acompanha a tendência do Estado, com o setor de serviços responsável pela maior fatia na distribuição de empregos com carteira assinada. Esse setor responde por 54,4% dos postos de trabalho, seguido pelo comércio (25,6%) e pela indústria (12,8%). Nos primeiros cinco meses do ano, ressaltou Rambalducci, as vagas formais em Londrina registraram aumento de 2,5%, em média, ficando abaixo da média estadual.

“Os dados não permitem uma conclusão diferente de que se o Estado vai crescer 2,5% seu PIB neste ano, Londrina apresentará um crescimento significativamente menor que este, talvez 20% menor, considerando as condições estabelecidas nos cinco primeiros meses do ano permaneçam na mesma tendência até o final do ano”, concluiu Rambalducci.

No ranking dos estados, Paraná deverá ficar na 22ª colocação

Embora as projeções sejam favoráveis à economia paranaense, no panorama geral, o levantamento do Santander aponta o Paraná como um dos estados com menor crescimento projetado para 2024, na 22ª colocação. O melhor resultado deve ser o de Roraima, com previsão de alta do PIB de 4,3%, seguido pelo Tocantins (3,8%) e Alagoas (3,4%).

Entre os estados da Região Sul, o Paraná deverá ficar na segunda posição, abaixo de Santa Catarina, com estimativa de crescimento de 2,4%. O Rio Grande do Sul, fortemente impactado pelas enchentes, em maio, é o único estado que deverá apresentar retração, com queda de 2,6% no PIB em relação ao ano passado.

Os dados mais recentes do PIB disponibilizados pelo IBGE são de 2021, mas o economista Gabriel Couto, um dos responsáveis pelo estudo do Banco Santander, observou que também pelas projeções da instituição financeira, em 2023 a economia paranaense cresceu 6,2%, após alta de 2,8% em 2022. “O Paraná tem indicado taxas de crescimento elevadas nos últimos anos e foi a principal influência positiva sobre o PIB da Região Sul como um todo no ano passado.”

Para a Região Sul como um todo, o Santander prevê alta de 0,5% do PIB em 2024, e de 2,4% em 2025. Couto observa que o PIB gaúcho é o mais representativo da região, com peso de 37,5% na economia regional. Paraná e Santa Catarina respondem por 36,8% e 25,7% do PIB do Sul, respectivamente. A desaceleração no crescimento da região este ano acontece em função das enchentes no Rio Grande do Sul, mas a economia regional deve voltar a acelerar em 2025.(S.S.)

Cuidados com a beleza masculina são destaque no setor de serviços

O Brasil é o quarto maior mercado consumidor de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos do mundo. Um setor que movimentou US$ 26,9 bilhões em 2022. Em fragrâncias, produtos masculinos e desodorantes, o país ocupa a segunda colocação no ranking global, segundo levantamento da Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos).

Esse último dado revela que a preocupação com a beleza e o bem-estar atingiu em cheio o público masculino, que tem investido cada vez mais em produtos e serviços. Na esteira desse crescimento, proliferaram as barbearias. Há cerca de dez anos, esse serviço tem se multiplicado em todas as regiões do país, em uma demonstração de que este é um nicho promissor e que ainda tem muito a ser explorado.

Há anos, os salões de beleza são apontados como um dos segmentos no mercado da beleza que mais crescem no país e, há cerca de uma década, começaram a se multiplicar os estabelecimentos exclusivos para homens, seguindo uma tendência global. As barbearias tornaram-se um ramo promissor no Brasil.

O empresário Marcos Vieira de Melo ingressou nesse mercado em 2017. Proprietário da Barbearia Londres, ele começou com uma unidade na avenida São João (zona leste) e hoje, sete anos depois, conta com mais duais filiais. Para driblar a concorrência, cada vez mais acirrada, Melo investe na constância do atendimento, na ampla disponibilidade de horários, na fidelização dos clientes e sempre tenta tornar os preços mais atrativos. A oferta de novos serviços, como a micropigmentação de barba é um diferencial.

“Esse é um mercado está crescendo bastante, mas estão abrindo muitas barbearias e a clientela está se dividindo. Após a pandemia, o pessoal que ficou desempregado começou a fazer curso e a abrir barbearias. Estamos em uma fase de abertura de novos estabelecimentos”, avaliou o empresário.

O setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos também tem uma participação expressiva na expansão do mercado de trabalho. Em 2022, este mercado gerou cerca de 5,6 milhões de oportunidades no país, entre indústrias, franquias, consultoria de vendas e salões de beleza. Em relação a 2021, houve um crescimento de 4,8% na geração de vagas de emprego, segundo a Abihpec. O equivalente a 256,2 mil oportunidades de trabalho. Entre 2016 e 2022, o avanço foi de 10% no número de empregos diretos.

Mas segundo Melo, há uma dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. Recentemente, ele chegou a cogitar investir em uma quarta unidade, mas desistiu pela escassez de profissionais no mercado. “Hoje, a gente tem dez colaboradores na rede, todos autônomos. Temos potencial para crescer mais, mas falta mão de mão de obra.”

Mesmo sem expandir a rede, o empresário teria como abrir espaço para mais três profissionais. “Hoje, se um barbeiro vier para Londrina, acha emprego no mesmo dia. As grandes barbearias estão todas contratando.”

“Os homens passaram a ir mais para a barbearia. Entraram cosméticos para os homens, há linhas destinadas a eles. Nesse mercado, estão se destacando os empresários que investem no ambiente, tornando a barbearia em um lugar agradável”, comentou Melo. Na matriz da Barbearia Londres, a maior em espaço físico, o ambiente foi pensado para transformar os cuidados com a barba e os cabelos em uma experiência mais atraente, com a oferta de bebidas, acessórios, cosméticos e uma televisão à disposição de cada cliente durante o atendimento.

Melo não revelou o quanto fatura com seu negócio, mas afirmou que seu lucro líquido fica em torno de 15% a 25% sobre o faturamento. “Depende do quanto paga de aluguel, comissão, mas não foge disso. É um bom faturamento.”(S.S.)


Fonte: Folha de Londrina

PIB do Paraná deve crescer acima da média nacional, dizem economistas