Publicado em: 24/01/2022
Um
levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
mostra que o Paraná tem quatro dos cem municípios mais ricos do agronegócio no
país. De acordo com os dados, Guarapuava está no top 50, enquanto Cascavel,
Tibagi e Toledo integram a lista em posições posteriores.
Os
dados utilizados no levantamento da pasta são da produção Agrícola Municipal
(PAM) referente a 2020 e considera o Produto Interno Bruto (PIB) dos
municípios, segundo o obtido pelo Instituto Brasileira de Geografia e
Estatística (IBGE) em 2019, e o valor da produção das lavouras permanentes e
temporárias.
Guarapuava
ficou na 49ª posição, com produção de R$ 1,167 bilhão. Para o prefeito Celso
Góes (Cidadania), “a tecnologia de ponta foi o que aumentou a produção e ela é
resultado de altos investimentos no agronegócio”. O grande destaque do
município é a produção de cevada.
Cascavel,
que é forte em exportação de grãos e na venda de aves e carne suína, teve uma
produção de R$ 1,109 bilhão, ocupando a posição 58 no Brasil. Já Tibagi, em
71º, com R$ 932 milhões, é destaque no trigo. Toledo, na posição 79, teve
produção de R$ 825 milhões.
De
acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria
de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a metodologia do Mapa não
contempla a produção pecuária, a extração vegetal e a silvicultura. “No nosso
levantamento de 2020, por exemplo, os municípios que figuram nas primeiras
posições são, respectivamente, Toledo, Cascavel e Castro, pois são considerados
também os produtos florestais e pecuários”, informou Larissa Alves,
coordenadora da Divisão de Estatísticas Básicas do Deral.
Toledo
está nos dois rankings e é o maior polo produtor de proteína animal. Para João
Nogueira, pós-graduado em agronegócio e diretor do Departamento de Agropecuária
e Desenvolvimento do município, a cidade tem uma vantagem no cenário econômico
do agronegócio que é a presença de muitas pequenas propriedades, o que faz com
que haja uma renda distribuída no campo e leva ao desenvolvimento urbano. “São
pequenas propriedades que fazem produtos de qualidade e exportam para o mundo
todo. Essa renda distribuída no campo reflete no urbano”, explica.
Outra
característica do município do Oeste do estado é a diversificação do campo e a
qualidade dos produtos. “Produzimos líquidos, sólidos, suínos, frangos e
peixes. E o segmento secundário, que é da indústria, evoluiu muito. Os
produtores se tecnificaram”, diz.
Mais
um destaque na região é Cascavel, que conquistou a segunda posição tanto no
levantamento do Mapa quanto do Deral. De acordo com o secretário municipal da
Agricultura, Renato Segala, além da grande extensão territorial, o município
investe pesado no agronegócio - o segmento representa cerca de 35% do PIB da
cidade.
“Nós triplicamos o orçamento que nós tínhamos na secretaria, criando condições de infraestrutura, de manutenção e construção de estradas rurais, facilitando e criando condições de escoamento da safra”, explica. A modernização do parque de máquinas também foi citada como fator importante para o desenvolvimento de Cascavel a ponto de se tornar um dos municípios mais ricos no agronegócio do Paraná e do Brasil.
Próximo
ciclo: quebra de safra e cenário político preocupa agronegócio no PR
A maior estiagem histórica dos últimos 91 anos mexeu com o
setor produtivo do Paraná. As condições econômicas e políticas em 2022 também
lançam alertas e os municípios já se organizam para melhorar o cenário no
Paraná.
Para João Nogueira, “é hora do setor econômico socorrer o
setor produtivo, para a gente não matar a galinha dos ovos de ouro”. Uma das
soluções, segundo o especialista, é retomar a política de estoque regulador,
para atender aos pequenos produtores com valores mais acessíveis.
Em reunião com a ministra de Estado da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, Tereza Cristina Dias, as secretarias municipais e outras
organizações apresentaram formas de melhorar as condições para os produtores
locais.
O secretário Renato Segala, destacou as principais
necessidades levadas ao governo federal para diminuir os danos nesses anos de
estiagem. “Temos expectativas com a prorrogação das operações de crédito dos
produtores, tanto de custeio quanto de investimento, a possibilidade de novos
créditos e a agilidade na regulação do sinistro do seguro agrícola e do
Proagro”, afirma.
Além da seca, outras variantes pesam para as medidas de
economia agro. “Em ano eleitoral, o mercado de capitais reage mal, com maior
evasão de divisas e moeda brasileira desvalorizada”, pontuou João
Nogueira. “O produto brasileiro é barato, e o que compramos pode ficar
mais caro em 2022”, acrescenta. Hoje, 85% dos fertilizantes utilizados na
agricultura são importados e há a tendência de que eles cheguem com um valor
bem mais alto daqui para frente.
Todo
cenário atual do agronegócio paranaense, no entanto, só vai ser calculado em
meados do ano que vem, quando o Deral divulgar os números do VBP (Valor Bruto
da Produção) da safra 2022/2023.
“As
principais culturas do estado são a soja, o frango de corte, o milho e o leite.
Para o VBP de 2021, é esperado o crescimento do faturamento dessas culturas,
com exceção do milho. Em 2022, o impacto das perdas da safra de verão será
bastante expressivo, dada a dimensão da estiagem”, explicou Larissa Alves, do
Deral.
Por
enquanto, as estatísticas dos últimos anos podem orientar a produção no estado.
FONTE:
Gazeta do Povo