Publicado em: 01/06/2022
O número de fretes transportados por rodovias federais no
Brasil cresceu 36,8% no primeiro trimestre de 2022, de acordo com a 7ª edição
do “Relatório Fretebras – O Transporte Rodoviário de Cargas”, que analisou
cerca de 2,2 milhões de fretes publicados no primeiro trimestre de 2022 na
plataforma, que é a maior da América Latina.
De acordo com o estudo, o volume de fretes rodoviários no
Brasil aumentou 36,8% na comparação com o primeiro trimestre de 2021, o que
demonstra que o setor de transporte de cargas está cada vez mais digitalizado.
Ao todo foram movimentados R$ 18 bilhões em fretes de janeiro a março de 2022.
O forte movimento de digitalização dos fretes continua
impulsionando o crescimento de transações na plataforma Fretebras e
transformando o setor de Transportes & Logística como um todo. Os dados da
Fretebras demonstram que as transportadoras estão recorrendo a aplicativos para
buscar caminhoneiros autônomos para realizar os transportes. Da mesma forma, os
caminhoneiros estão cada vez mais conectados, já que hoje existem mais de 695
mil caminhoneiros cadastrados na plataforma da Fretebras.
“O que temos notado é que o transporte rodoviário de cargas
está cada vez mais digitalizado, com as transportadoras e os caminhoneiros
autônomos utilizando plataformas online para realizar os fretes. Por conta
disso, a gente consegue monitorar melhor as movimentações e ajudar eles com um
transporte mais seguro e eficiente”, destaca Bruno Hacad, diretor de Operações
da Fretebras.
Rotas mais digitalizadas estão entre Sul e
Sudeste
A plataforma da Fretebras consegue identificar uma série de
movimentos que são uma verdadeira representação do transporte rodoviário de
cargas. Pela primeira vez, o estudo buscou entender quais são as rotas que
estão mais digitalizadas, ou seja, onde os transportadores têm olhado com mais
frequência para a busca de caminhoneiros autônomos para o transporte de suas
cargas.
“O grande fator que está por trás da digitalização das
rotas é a pressão da inflação sobre os custos do transporte, puxada principalmente
pela alta do diesel. O mercado tem notado que a contratação de autônomos usando
aplicativos de frete, como o nosso, tem gerado economias de 20 a 30% quando
comparado com frota própria. Por isso, grandes setores como agro, construção e
indústria apostam por este tipo de solução. Naturalmente, Sul e Sudeste puxam o
movimento, por serem regiões onde a digitalização está mais presente”, reforça
Hacad.
Olhando por setores, no agronegócio, a rota com mais
movimentações de cargas por meio da plataforma da Fretebras no 1° trimestre de
2022 é entre São Borja-RS e Rio Grande-RS, com 1.453 fretes. Já entre os
produtos industrializados, a rota mais movimentada é entre Curitiba-PR e São
Paulo-SP, com 1.072 fretes. No setor de construção civil, a maioria dos fretes
(2.514) foi feita entre Arcos-MG e Piracicaba-SP.
Guerra na Ucrânia e cenário econômico instável
marcaram o trimestre
Diante deste cenário de digitalização, o mercado conseguiu
se preparar melhor para enfrentar as condições adversas enfrentadas no primeiro
trimestre, como a guerra da Ucrânia, as constantes altas da inflação e dos
juros e a recuperação pós-pandêmica.
Segundo o relatório, de janeiro a março de 2022 houveram
diversos fatores que influenciaram no mercado de fretes, com destaque à guerra
da Ucrânia. Por um lado, a alta do combustível impacta profundamente os custos
do transporte, já que o preço do diesel teve um aumento de 12,5% de fevereiro a
março de 2022. Por outro lado, as commodities brasileiras ganharam ainda mais
força no mercado internacional, impulsionadas pela alta do dólar, que teve um
reflexo positivo no preço dos grãos lá fora. E ainda, é necessário considerar a
dependência da importação de fertilizantes da Rússia, que representa 23% das
compras deste produto pelo Brasil.
A 7ª edição do Relatório trouxe diversas novidades entre os
números regionais, com destaque para a região Centro-Oeste, que aparece como a
que mais impulsionou o crescimento do número de fretes, puxado principalmente
pelos produtos agropecuários. No primeiro trimestre deste ano, o aumento
naquela localidade foi de 65,1%, em comparação com o mesmo período do ano
passado. O Sudeste e Sul, que sempre apareciam em maior destaque, tiveram
crescimentos de 42,0% e 10,2%, respectivamente.
Entre os Estados, Distrito Federal (+130,4%), Mato Grosso
(+93,8%), Pará (+83,0%) e Alagoas (+81,7) aparecem nesta edição com grandes
crescimentos no volume de fretes. Tocantins, que liderou o ranking de
crescimento por três edições seguidas, cai para a quinta posição, com aumento de
81,4.
Setores que movimentaram o Brasil no 1°
trimestre de 2022
O estudo da Fretebras analisa três grandes setores, que
representam mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil: o
agronegócio, a indústria e a construção.
O agronegócio puxou a oferta de fretes no período, com
37,4% das cargas registradas na plataforma da Fretebras e cerca de R$ 6,7
bilhões em fretes distribuídos. Os estados mais significativos para o
desempenho do segmento foram Rio Grande do Sul (15,7%), Mato Grosso (12,4%) e
São Paulo (11,9%). Os produtos mais transportados foram fertilizantes (23,4%),
soja (13,2%) e milho (12,7%). Na comparação entre o primeiro trimestre deste
ano e de 2021, os fretes do agronegócio aumentaram 35,2%.
Além disso, o estudo identificou uma nova dinâmica que
seguramente impactará o agronegócio brasilerio: a distribuição dos
fertilizantes. Movimentos que começaram no ano passado e que se intensificam
com a guerra da Ucrânia, mostram que o País está buscando a autossuficiência,
além de outros parceiros comerciais além da Rússia. Outro destaque importante,
foi a produção e exportação do trigo. Com o cenário da guerra, o preço da
commodity aumentou exatamente depois de uma produção recorde no passado,
fazendo com que a exportação fosse mais atrativa.
Logo em seguida estão os produtos industrializados, que
originaram 27,7% dos fretes anunciados na Fretebras no primeiro trimestre de
2022 e cerca de R$ 5 bilhões movimentados em fretes. Os itens mais
transportados no período foram os alimentícios (19%), seguidos por máquinas e
equipamentos (11,2%) e siderúrgicos (9,9%). Os estados de maior destaque no
desempenho do segmento foram São Paulo (28,1%), Paraná (13,4%) e Minas Gerais
(11,2%). Na comparação com o mesmo período de 2021, o setor teve crescimento de
33,3% no volume de transportes.
No setor, foi possível perceber o aumento da produção
industrial, principalmente entre os alimentos, máquinas e equipamentos
agrícolas, ambos produtos brasileiros de exportação. A venda lá fora tem gerado
mais retorno do que a venda interna, por conta da alta do dólar.
Já os fretes de insumos para construção representam 13,6%
das cargas registradas na Fretebras no ano passado, movimentando R$ 2,4
bilhões. Os produtos mais transportados foram cimento (53,1%), telha (5,9%) e
pisos (4,8%). Em relação ao primeiro trimestre de 2021, houve crescimento de
68,5% em 2022 no volume de fretes da categoria e os estados que mais carregaram
insumos no setor foram Minas Gerais (52,8%), São Paulo (10,7%) e Paraná (4,6%).
O setor está começando a sentir o impacto negativo da alta dos juros e da
inflação nos insumos. Ainda há aumento das atividades, porém as expectativas
são de desaceleração no crescimento.
Fonte: Blog do
Caminhoneiro / Foto Divulgação/Blog do Caminhoneiro
